“Mais mortes ainda serão confirmadas”

ENTREVISTA LUIS ANTONIO SILVA, DIRETOR DA DIVE

O boletim divulgado pela Secretaria de Estado da Saúde na sexta-feira, que aumentou de 12 para 20 o número de mortes confirmadas por gripe A, não deve preocupar a população. O diretor da Vigilância Epidemiológica do Estado, Luis Antonio Silva, afirma, porém, que é necessário manter os cuidados de higiene. Segundo ele, quase 3 mil exames de catarinenses esperam por respostas na Fiocruz, laboratório que avalia amostras do Estado, e novas mortes deverão ser confirmadas – apesar de o número de internações estar diminuindo.

Agência RBS – O boletim com oito novas mortes é sinal de que a gripe ficou mais agressiva?

Luis Antonio Silva – Não. Os óbitos já eram dos procedimentos em investigação. Estamos dentro da expectativa, abaixo do percentual nacional. No momento, a circulação viral está reduzida e os óbitos recentes diminuíram. A perspectiva é de que se confirmem mais mortes por gripe A referentes ao fim de julho e início de agosto.

Agência RBS – As 98 mortes investigadas são recentes? Por que o último boletim apresentou mortes mais recentes?

Luis Antonio – A questão é do laboratório (Fiocruz, no Rio de Janeiro, no qual até o momento estão sendo levadas as amostras dos suspeitos em Santa Catarina). Nossa lista de prioridade é de casos graves e óbitos de mais tempo, mas há uma certa dificuldade lá, na entrada dos exames. Eles estão com 25 mil amostras, 2,9 mil só de Santa Catarina. Quando começarmos a fazer os testes no Lacen, vamos trazer as amostras e fazer o processamento aqui.

Agência RBS – É necessário rever decisões, como a de cancelar aulas?

Luis Antonio – Não. Até porque os alunos das escolas não estão no público-alvo, não está havendo transmissão nas escolas. Os que ocorrem, são apenas os casos pontuais. Onde há vários alunos gripados, as aulas são paradas em uma turma para quebrar a cadeia de transmissão. O que temos são adolescentes se expondo nas comunidades, em festas, boates, shows e bailes.

Agência RBS – Existe estimativa de quantos exames de mortes suspeitas serão positivos?

Luis Antonio – Gostaria de continuar com o percentual que está aí, de 55%. Mas até 60% é o ideal para nós, porque a média no Brasil está chegando a 70%.

Agência RBS – Há uma estimativa de número de mortos pela gripe A neste inverno?

Luis Antonio – Não. Não arrisco estimativa. Nosso número ainda é pequeno, temos somente 38 testes com resultados. Precisamos aguardar, temos mais 98 óbitos em investigação. Na próxima semana, a situação deverá estar mais tranquila se as pessoas não relaxarem.

Agência RBS – Quando os testes começarem a ser feitos no Estado devem crescer os anúncios de mortos?

Luis Antonio – Os que estão em investigação não têm como mudar. Se em duas semanas as pessoas mantiverem a atenção e procurarem o serviço imediatamente se tiverem sintomas, muitos casos graves e óbitos serão evitados.

Agência RBS – Qual deve ser o comportamento do vírus no verão? E o que esperar do próximo inverno?

Luis Antonio – A situação está acalmada, mas não quer dizer que não teremos casos no verão. Precisamos acompanhar o inverno no hemisfério Norte. O verão aqui facilita o controle da doença. Pode ser que a mutação gere um esgotamento do vírus, com circulação com menos agressividade. Mas ainda não é possível dizer como será a segunda onda (conceito de saúde pública que identifica a segunda vez que o vírus circula com maior intensidade em determinada região).

Veículo: Jornal de Santa Catarina.
Edição: 11719.
Editoria: Geral.
Página: 12.