PALHOÇA – Nos fundos da casa, montes de entulho. Na frente, esgoto a céu aberto. Em uma das comunidades mais pobres da Grande Florianópolis, em Palhoça, Rosângela Cardoso, 32 anos, vive com os seis filhos dentro de um barracão de madeira e cercada de dejetos. A situação é um paradoxo no Estado que não consegue avançar no esgotamento sanitário.
Em Santa Catarina, o serviço não caminha no mesmo ritmo de crescimento que o número de casas. A estagnação é comprovada pelo comparativo de 2006, 2007 e 2008 da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Rosângela vive na comunidade conhecida como Frei Damião, junto com outras 7 mil pessoas que não têm acesso a saneamento básico.
De acordo com a assessoria de imprensa da prefeitura de Palhoça, há cinco anos um projeto que envolve saneamento, saúde, educação e segurança e lazer foi encaminhado para o governo federal. A prefeitura aguarda a liberação dos recursos de R$ 6,5 milhões pela Caixa Econômica Federal. Mas, as obras não têm prazo para iniciar.
Pesquisa não identifica esgoto com tratamento
Na última pesquisa do Pnad, o número total de domicílios pesquisados é maior em 2008 em comparação a 2007. Mas caiu o número de casas em que as pessoas declararam ter rede coletora de esgoto ou fossa séptica, tanto em números absolutos quanto em percentual. O IBGE justifica os números pela mudança na metodologia de pesquisa.
Conforme a servidora do IBGE, Sueni dos Santos, a pesquisa é amostral, e a metodologia procura intervalos de amostras diferentes, ou seja, que outros domicílios do mesmo território sejam pesquisados de um ano para o outro. O Pnad não identifica os domicílios cujo esgoto tem como destino o tratamento. Assim, no levantamento, ainda aparece parte das casas que possuem outros meios de esgotamento sanitário, que significam fossas rudimentares ou domicílios em que o encanamento leva o esgoto para um lago, rio ou mar. (Colaboram Lilian Simioni e Fernanda Meneghel)
A situação catarinense |
No comparativo com outros estados, Santa Catarina não está mal colocada quanto ao percentual de casas com rede coletora de esgoto ou fossa séptica. O Estado está em 5º lugar, e acima da média nacional – enquanto SC tem 81,6%, o país está com 73,2%. Mas o percentual não significa que a destinação do esgoto seja a melhor. A maioria dos domicílios possui fossa séptica, sem a coleta e, portanto, sem sequer a possibilidade de tratamento do esgoto |
Veículo: Jornal de Santa Catarina.
Edição: 11736.
Editoria: Geral.
Página: 22.
Jornalista: Nanda Gobbi (nanda.gobbi@santa.com.br).