ILHOTA – Manoel de Jesus opera a balsa que liga os 250 metros entre as duas margens do Rio Itajaí-Açu. Das 4h30min, quando começa a trabalhar, até o fim do turno, às 14h, faz em média 70 viagens de ida e volta. Aos 58 anos, ele é um dos 11 mil habitantes da cidade que aguarda a construção da ponte. Mesmo sabendo que perderá o emprego após a obra, o balseiro torce para ver a estrutura pronta.
– Eu ficaria muito feliz em ver essa ponte realidade. Colocaria a mão para o céu e agradeceria a Deus. De tanto que já se falou nisso, muita gente nem acredita mais que ela um dia vai sair do papel. Mas eu tenho fé – vislumbra.
Esta semana, a esperança de moradores como Manoel foi ameaçada com a notícia de que a estrutura pode demorar mais do que o previsto. Duas empresas (Geosolo/Verdi e Azze Engedal) entraram com recurso administrativo contra o resultado da licitação que as desclassificou e elegeu a JM Terraplenagem e Construções como vencedora. A comissão tem até segunda-feira para acatar ou não o pedido. Depois disso, leva o resultado para apreciação do presidente do Departamento Estadual de Infraestrutura (Deinfra), Romualdo França, que tem mais cinco dias úteis (até o dia 26) para a decisão final.
– Estamos torcendo para que o pedido não seja acatado e a obra comece logo. A previsão inicial era começar em outubro, mas os trâmites burocráticos atrapalharam – reconhece o secretário de Obras de Ilhota, Valdi Augustinho da Silva.
Para manter a operação da balsa, que funciona diariamente das 4h30min às 23h, a prefeitura desembolsa entre R$ 20 mil e R$ 30 mil por mês. A embarcação transporta de 300 a 500 veículos por dia. Quando chove muito, a balsa tem de ser desativada e toda a comunidade da margem esquerda -60% dos habitantes do município – fica isolada.
Veículo: Jornal de Santa Catarina.
Edição: 11758.
Editoria: Geral.
Página: 12.
Jornalista: Magali Moser (magali.moser@santa.com.br).