Informações sobre níveis dos rios são divergentes

BLUMENAU – Um olho no céu, outro no rio. As fortes chuvas que caíram sobre o Vale do Itajaí, no início da semana, fizeram moradores de toda a região viver momentos de tensão, em busca de informações seguras sobre o nível dos dois principais rios da região, o Itajaí-Açu e o Itajaí-Mirim. Em Blumenau, os dados divulgados pela Defesa Civil, no entanto, eram confrontados com os do recém-instalado Sistema de Telemetria, disponível na internet. A divergência de informações e a indicação de que o sistema estaria em teste fez surgir dúvidas: os dados, que podem ser consultados online, são confiáveis?

Apesar de disponível na internet, por meio do site www.sibi.furb.br/alerta, o Sistema de Informações da Bacia do Itajaí, apresentado à população em julho, na Furb, ainda passa por ajustes, como indicado na página. Para técnicos da Defesa Civil, as réguas de medição continuam sendo o principal instrumento para avaliar o nível dos rios.

– Estamos acompanhando o sistema desde que ele foi implantado, e verificamos oscilações nos dados do nível dos rios de 10% a 15%, para mais e para menos. Não temos como confiar nesses dados para montar plano de contingência. A régua física é mais garantida – critica o diretor-geral da Defesa Civil de Brusque, Eliseu Muller Júnior.

Em Rio do Sul, que registrou enchente em pelo menos sete bairros essa semana, a Defesa Civil também ignora os dados telemétricos. Segundo o diretor do órgão, Alécio Pereira, o nível do Rio Itajaí-Açu é acompanhado por uma régua e por meio de contatos via rádio com outros municípios:

– Ninguém disse que está pronto e pode usar. Por isso continuamos usando a régua.

O coordenador do Sistema de Telemetria e meteorologista do Instituto de Pesquisas Ambientais (IPA) da Furb, Dirceu Severo, se defende afirmando que toda a rede com equipamentos já foi instalada e está funcionando, mas o sistema de informações, que deve ser usado pela população e pela Defesa Civil, ainda está em teste. Apesar de gerar dúvidas, Severo afirma que a divulgação dos dados, mesmo em teste, é essencial para avaliar o comportamento do sistema em momentos de emergência, como o das chuvas do início da semana:

– Principalmente nesses eventos, podemos verificar qual é a resposta do sistema e ajustá-lo como necessário. No entanto, a telemetria, como qualquer outro equipamento eletrônico, está sujeita a falhas. Por isso, a checagem com os números das réguas vai continuar sendo feita sempre.

Página na internet será avaliada até o final do ano

Segundo o coordenador do Sistema de Telemetria e meteorologista do Instituto de Pesquisas Ambientais (IPA) da Furb, Dirceu Severo, a página deve ser avaliada e melhorada até o final do ano. Esta semana, técnicos da empresa responsável pela implantação do sistema fizeram manutenções nas estações, recalibrando os sensores, que são instalados dentro do rio.

– Não se pode descartar a possibilidade de entulhos, galhos ou pedras causarem danos ao sensor. Quando verificamos que isso ocorreu ou que os dados estão divergentes com os apontados nas réguas, tiramos as informações do ar – afirma o meteorologista.

Severo diz que, para ser confiável e permanecer estável, o sistema deve passar por manutenções preventivas periodicamente.

O diretor da Defesa Civil de Blumenau, Telmo Duarte, afirma que a implantação dos equipamentos telemétricos irá beneficiar as ações de prevenção contra as cheias, mas reconhece que a população deve continuar usando os dados divulgados pela Defesa Civil no site www.blumenau.sc.gov.br, até que o sistema esteja avaliado e a eficácia, garantida.

Sistema de telemetria
O que é
– Conjunto de 16 sensores instalados em pontos estratégicos dos rios Itajaí-Açu e Itajaí-Mirim e afluentes. Captam e transmitem informações sobre o nível das águas em cada ponto, permitindo prever em quanto tempo os rios atingirão determinado nível. O sistema ainda é formado por pluviômetros
Onde estão os sensores
– Blumenau, Indaial, Timbó, Apiúna, Ibirama, Rio do Oeste, Rio do Sul, Taió, Barra do Prata, Mirim Doce, Pouso Redondo, Ituporanga, Alfredo Wagner, Vidal Ramos, Botuverá e Brusque
Como é o equipamento
– É um sensor instalado dentro do rio, próximo às margens. É conectado ao pluviômetro, instalado em um abrigo próximo, para captar e transmitir a quantidade de chuva
Como é feita a transmissão
– Três sensores transmitem via satélite e 13, via celular. As transmissões ocorrem de hora em hora, para o Centro de Operações do Sistema de Alerta da Bacia Hidrográfica do Rio Itajaí-Açu, em Blumenau

Veículo: Jornal de Santa Catarina.
Edição: 11748.
Editoria: Geral.
Página: 15.
Jornalista: Rafael Watrick (rafael.waltrick@santa.com.br).