BRASÍLIA – Um ano após as fortes chuvas que deixaram 135 mortos em Santa Catarina, o major Márcio Luiz Alves se prepara para fazer tratamento psicológico. Chefe da Defesa Civil do Estado, o major se sente responsável pelas vidas ceifadas pelas tempestades. Na manhã de ontem, em uma cerimônia especial na Câmara, Alves pediu desculpas por uma tragédia que não cabia a ele evitar.
– Fizemos tudo que podíamos, mas, mesmo assim, nosso resultado foi negativo. Muitas guerras não matam tanto quanto as chuvas mataram. Eu queria pedir desculpas por não ter feito mais – disse o major, com a voz embargada.
O desabafo de Alves ocorreu na tribuna do plenário da Câmara, em Brasília, durante a cerimônia de agradecimento aos que auxiliaram nas buscas e na reconstrução das cidades. A iniciativa foi do deputado Paulo Bornhausen (DEM). O major e o Grupo RBS fizeram parte da lista de 60 homenageados pelos parlamentares.
– Santa Catarina precisa de proteção. O Brasil tem obrigação com o nosso Estado – defendeu Bornhausen.
A sessão solene durou cerca de três horas, tempo em que os parlamentares da bancada catarinense aproveitaram para reclamar da dificuldade na liberação de recursos destinados especialmente para as obras de prevenção. O Ministério da Integração Nacional foi a pasta que mais teve cortes nesta área. Os parlamentares alegam que ainda haveria cerca de R$ 85 milhões destinados para o Estado no orçamento da União deste ano que não foram liberados. A secretária nacional de Defesa Civil, Ivone Valente, discordou dos valores. Segundo ela, o recurso que estaria disponível é de cerca de R$ 60 milhões, que precisam ainda de encaminhamentos de projetos por parte do governo do Estado. O governador Luiz Henrique da Silveira (PMDB), que também acompanhou a cerimônia, prometeu empenho na busca dos recursos, que precisam ser empenhados até o dia 31 de dezembro.
Veículo: Jornal de Santa Catarina.
Edição: 11793.
Editoria: Política.
Página: 4.
Jornalista: Iara Lemos (iara.lemos@gruporbs.com.br).
