Segurando as lágrimas, Leonida Just, tenta limpar a lama no assoalho da sala. As cortinas barrentas para fora da janela expõem as marcas deixadas pela enxurrada de terça-feira na casa enxaimel à beira da Rodovia Ralf Knaesel, em Pomerode. Na cozinha, tábuas do chão estão soltas e colocam em risco a segurança das pessoas. Do armário, sobraram poucos alimentos.
Quando percebeu que a água entraria na casa, pela primeira vez, Leonida ergueu o refrigerador e a geladeira, com a ajuda do marido. Conseguiu salvar algumas roupas e um colchão, no sótão, onde os dois passaram a noite. Todos os cômodos foram afetados. O desespero da moradora do Bairro Pomerode Fundos, que teve a casa afetada por um temporal pela primeira vez, traduz a dificuldade enfrentada pelo município. A localidade reúne 70% das 600 famílias atingidas no município, onde a Defesa Civil decretou situação de emergência. O secretário da Defesa Civil em Pomerode, Laudir Carlos Buzarello afirma que o município buscará recursos com os governos estadual e federal para socorrer às vítimas e recuperar os estragos.
No momento da enxurrada, Leonida estava em casa, com a neta de seis anos e o marido. No Bairro Pomerode Fundos, nem a Paróquia Apóstolo Paulo e a Escola Básica Municipal Vidal Ferreira escaparam. A força das águas arrancou o asfalto de ruas, arrastou pedras e árvores para as estradas e causou queda de barreiras em vários pontos do bairro. As cenas de destruição se repetiram por toda a localidade. Foi comum encontrar ontem montes de móveis estragados e entulhos em frente às residências.
– A gente ouve as pessoas falarem que não dá tempo de salvar nada e não acredita. Pensei em a gente se salvar. Mas agora tem que levantar a cabeça e agradecer pela vida – diz Leonida.
Veículo: Jornal Diário Catarinense.
Edição: 8697.
Editoria: Reportagem Especial.
Página: 4.
Jornalista: Magali Moser (magali.moser@diario.com.br).