Segurando as lágrimas, Leonida Just, 51 anos, tenta limpar a lama que insiste em permanecer no assoalho da sala. As cortinas barrentas para fora da janela expõem as marcas deixadas pela enxurrada de terça-feira na casa enxaimel à beira da Rodovia Ralf Knaesel, em Pomerode. Na cozinha, tábuas do chão estão soltas e colocam em risco a segurança das pessoas. Do armário, sobraram poucos alimentos que não foram atingidos. Quando percebeu que a água entraria na casa pela primeira vez desde que mora no local, Leonida ergueu o refrigerador e a geladeira, com a ajuda do marido. Conseguiu salvar algumas roupas e um colchão, no sótão, onde os dois passaram a noite. Todos os cômodos foram afetados. O desespero da moradora do Bairro Pomerode Fundos, que teve a casa atingida por um temporal, traduz a dificuldade enfrentada pela população. A localidade reúne 70% das 600 famílias atingidas no município.
– Foi pior que a catástrofe de novembro de 2008 em prejuízos materiais – compara o secretário da Defesa Civil em Pomerode, Laudir Carlos Buzarello.
Ele afirma que o município decretou situação de emergência e buscará recursos para socorrer às vítimas e recuperar os estragos.
No bairro onde Leonida mora, nem a Paróquia Apóstolo Paulo e a Escola Básica Municipal Vidal Ferreira escaparam. A força das águas arrancou o asfalto de ruas, arrastou pedras e árvores para as estradas e causou queda de barreiras em vários pontos. As cenas de destruição se repetiram por toda a localidade. Ontem, montes de móveis estragados e entulhos em frente às residências compunham o cenário da cidade.
– A gente ouve as pessoas falarem que não dá tempo de salvar nada e não acredita. Foi muito rápido. Só pensei em a gente se salvar – conta Leonida.
Os estragos na região (anexo)
Veículo: Jornal de Santa Catarina.
Edição: 11847.
Editoria: Geral.
Página: 12.
Jornalista: Magali Moser (magali.moser@santa.com.br).