SC prepara-se para possível surto

Santa Catarina prepara-se para um possível segundo surto de casos da gripe A durante o inverno. Na próxima segunda-feira, a Secretaria de Estado da Saúde começa a campanha de vacinação, acompanhando o calendário nacional. Cerca de 3 milhões de doses foram compradas, e a meta é imunizar 2,8 milhões de pessoas. Até hoje, a maior mobilização já feita no Estado ocorreu em 2008, quando 1,9 milhão de doses contra a rubéola foram aplicadas.

De acordo com a coordenadora do programa de imunização da Diretoria de Vigilância Epidemiológica, Leonor Proença, a definição dos grupos que se enquadram na campanha foi feita com base no perfil das pessoas que sofreram com a gripe A no ano passado. A primeira etapa de vacinação inclui profissionais da saúde (61 mil devem ser imunizados) e indígenas (10 mil). Os profissionais da saúde serão vacinados em seus locais de trabalho e os indígenas, em suas comunidades.

A partir da segunda etapa, que começa no dia 22 de março, serão imunizadas grávidas, doentes crônicos, crianças até dois anos, adultos de 20 a 39 anos e idosos com doença crônica elegível (que não oferece risco de morte em curto prazo). Quem se enquadrar em um desses grupos deve ir até um posto de saúde. Em todo o Estado, haverá 1.067 salas de vacinação. Cada grupo deve respeitar o período determinado pela campanha.

Além da vacinação, a secretaria está tomando medidas para combater a doença e tratar as pessoas que se contaminarem. Nos dias 11 e 12 deste mês, será promovido um seminário para avaliar o trabalho feito no ano passado e planejar as ações para os casos que se confirmarem no próximo inverno. Segundo a secretária Carmen Zanotto, um dos temas da pauta do evento será a distribuição de equipamentos para Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) em hospitais de referência do Estado. A quantidade de equipamentos que serão distribuídos não foi divulgada.

O diretor da Vigilância Epidemiológica de Santa Catarina, Luis Antonio Silva, afirmou que alguns desses equipamentos ficarão disponíveis para serem transportados para outras cidades onde os hospitais não forem contemplados. Silva informou ainda que o Estado vai oferecer apoio financeiro para municípios, caso haja a necessidade de montar centros de triagem e horários expandidos em unidades de saúde.

Doença já matou 140 no Estado

De 56 casos suspeitos de gripe A entre 1º de janeiro e 1º de março deste ano em Santa Catarina, nenhum foi confirmado. O Estado registra ocorrências da doença desde a primeira onda de infecção no Brasil, em maio do ano passado. Foram confirmadas 2.484 pessoas infectadas pelo vírus, das quais 140 morreram.

A faixa etária de maior contaminação e de maior número de mortes vai de 20 a 29 anos. Dos mais de 2 mil casos, 730 foram registrados em pessoas dessa faixa e destes, 37 morreram. Com relação ao sexo, a maior incidência de infectados e de mortes foi entre as mulheres. Foram 1.382 contaminadas e 83 delas morreram.

De acordo com o diretor da Vigilância Epidemiológica de Santa Catarina, Luis Antonio Silva, neste ano, diferentemente do que aconteceu em 2009, o Laboratório Central (Lacen) está totalmente preparado para garantir a realização de todos os exames que forem necessários para investigar os casos suspeitos. Com a campanha de vacinação, a expectativa é de que o número de infectados nesse inverno seja menor.

– Com a prevenção pela vacina e pelo que vimos no hemisfério Norte, tudo indica que a situação vai ser mais tranquila – afirmou o diretor.

A Secretaria do Estado de Saúde alerta que, além da imunização, é fundamental que as pessoas continuem adotando as medidas de prevenção.

OMS mantém alerta de pandemia

A Organização Mundial da Saúde (OMS) mantém o status de transmissão da gripe A como pandemia – alerta dado quando uma doença se alastra para vários países do mundo. No final de fevereiro, a OMS divulgou um balanço indicando que a doença já foi registrada em mais de 212 países e territórios. Até agora, cerca de 16 mil pessoas morreram em todo o mundo, mas os números podem ser subestimados porque poucos pacientes são testados e diagnosticados.

O continente americano, considerado o berço da epidemia, lidera a lista de número de mortos com pelo menos 7,2 mil pessoas. Na Europa, a quantidade de vítimas é de 3,6 mil. No Oeste do Pacífico e no Sudeste da Ásia, os mortos da gripe A somam 1,6 mil e 1,5 mil, respectivamente.

De acordo com a OMS, na zona temperada do hemisfério Norte, a pandemia continua sendo detectada, embora a transmissão do vírus esteja diminuindo intensamente na maioria dos lugares. Neste ano, a doença apresentou comportamento bem menos agressivo do que havia sido previsto.

Ainda assim, nesta semana, um comitê de especialistas que aconselha a OMS afirmou que é prematuro concluir que todas as partes do mundo tenham experimentado o pico de transmissão da gripe H1N1 pandêmica. O comitê, que reúne 15 especialistas, sugeriu que "serão necessários um tempo e informações adicionais para determinar o novo status da pandemia".

Veículo: Jornal Diário Catarinense.
Edição: 8731.
Editoria: Geral.
Página: 20.
Jornalista: Mayara Rinaldi.