Em 2000, Diego Fabrício Damiani conheceu realidades distintas em Florianópolis. Em um bairro entrevistou pessoas ricas; em outro, pobres. Nos dois lugares foi bem recebido e até convidado para comer churrasco. Ele foi um dos recenseadores contratados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE).
Assim como Diego, você pode ter esta experiência neste ano. E, de quebra, ganhar um dinheiro extra. As inscrições para o cargo estão abertas.
Por enquanto, o número de inscritos é menor que o de vagas (veja box nesta página). Em Santa Catarina, até quinta-feira passada, quando os últimos dados das inscrições foram levantados, havia cerca de 3 mil interessados para 6,7 mil oportunidades.
Em 2007, a relação de inscritos por vagas foi de 9 para 1. Será que o brasileiro mudou em três anos?
– O brasileiro continua exatamente o mesmo, deixando para última hora para fazer a inscrição. Mas, em algumas regiões do Brasil, especialmente em Santa Catarina, podem sobrar vagas por causa do grau de desenvolvimento e da taxa de empregos em alguns municípios. O IBGE vai competir pela mão-de-obra que tem um outro tipo de ocupação – diz o presidente do IBGE, Eduardo Pereira Nunes, que esteve no Estado ontem para divulgar o processo seletivo.
Para se ter uma ideia, há 40 municípios que não tiveram inscrição até quinta-feira. As principais dificuldades estão nas regiões das cidades de Concórdia, Videira, Criciúma e Itajaí. Campanhas publicitárias serão feitas nestes locais para incentivar a participação.
Os servidores públicos também podem participar
Diego não lembra quanto ganhou em 2000, mas diz ter sido um bom dinheiro. Ele até voltou para o IBGE. Participou de uma seleção no ano passado e hoje é agente censitário, um cargo temporário administrativo, recebendo R$ 1,1 mil.
Quem se inscrever e passar no processo seletivo ganhará entre R$ 800 e R$ 1,6 mil para cada setor – equivalente à visita de 300 domicílios. Os que terminarem rápido a sua parte poderão trabalhar em outra região. Teve gente que ganhou R$ 7 mil em 2007.
Para se candidatar basta ter o ensino fundamental completo e um período no dia livre. Quer dizer que você pode trabalhar de manhã no seu emprego e, à tarde, como recenseador. Ou vice-versa. Outra novidade é que neste ano os servidores públicos poderão ser recenseadores. Desde que não trabalhem em tempo integral.
Informações gerais (anexo)
As questões poderão ser respondidas pela internet
Se você estiver ocupado quando receber em casa um recenseador, existe a possibilidade de as perguntas serem respondidas pela internet. Esta será uma das novidades do Censo 2010.
O esquema funcionará da seguinte maneira: o recenseador vai a um determinado domicílio e, se o morador não puder recebê-lo no momento e quiser responder via internet, o funcionário vai lhe passar um código de acesso. Depois de 10 dias, caso o entrevistado não responder pela web, ele receberá um telefonema lembrando-o do compromisso. Se o morador ainda assim não enviar o formulário pela internet, o recenseador voltará para terminar de preencher as respostas.
Também haverá novidades na qualidade da informação.
– Pela primeira vez vamos coletar informações sobre o entorno de cada domicílio – explica Eduardo Pereira Nunes, presidente do IBGE.
Esses tipos de dados vão informar em que localidade as pessoas estão morando. Serão informações importantes para as políticas de saneamento e habitação.
– Poderemos encontrar em todo o Brasil a população que possa estar localizada em áreas de risco. E, de forma preventiva, planejar a ocupação do território.
Ainda será feito o levantamento sobre as línguas faladas no Brasil. São 210, sendo 180 indígenas.
– Também teremos informações relativas aos tipos de deficiência física como, por exemplo, auditiva ou visual. Em uma população que está envelhecendo cada vez mais esses fenômenos estão muito presentes. E precisaremos quantificar isso – afirma Nunes.
Veículo: Jornal Diário Catarinense.
Edição: 8745.
Editoria: Geral.
Página: 22.
Jornalista: Mauricio Friguetto (mauricio.friguetto@diario.com.br).