Projeto original previa oito barragens

Após as enchentes de 1983 e 1984, uma comitiva de técnicos e engenheiros da Agência de Cooperação Internacional do Japão veio ao Vale do Itajaí estudar as condições geográficas da região e projetar soluções para as cheias. Finalizado em 1988, o estudo conhecido como Projeto Jica propunha o alargamento do Rio Itajaí-Açu da nascente até a foz. Mas a principal proposta era a construção de cinco barragens, sendo duas delas em Trombudo Central e outras três em Benedito Novo, Apiúna e Botuverá. Nunca houve definição sobre as características, a dimensão e a capacidade de cada estrutura.

Hoje, duas ações do Projeto Jica se mostram inviáveis por causa do impacto ambiental e social que causariam: o alargamento do rio e a construção da barragem em Apiúna. A construção de represas, no entanto, ainda hoje é necessária para conter as cheias, reforça o engenheiro hidrólogo Ademar Cordero, que participou de algumas discussões do projeto. Um banco japonês estava disposto a financiar US$ 300 milhões para as obras, que estariam a cargo do Departamento Nacional de Obras e Saneamento (DNOS), do governo federal. O departamento foi extinto em 1990 e as propostas foram rejeitadas por especialistas catarinenses.

– Hoje, a proposta não daria o retorno que eles estavam esperando. Na época, era mais simples fazer obras desse porte, não havia tantas limitações jurídicas e ambientais – explica o diretor de Obras Civis e Hidráulicas do Deinfra, Luiz Cavalheiro, que reconhece a necessidade de mais barragens, mas avisa que não há projeto para isso.

Japoneses vão recriar propostas para contenção das cheias

A partir de segunda-feira, 11 engenheiros da Agência de Cooperação Internacional do Japão retomam o estudo sobre a Bacia Hidrográfica do Rio Itajaí-Açu. O objetivo do novo Projeto Jica é estudar as características de uma área de 15 mil quilômetros quadrados para levantar as causas das enchentes e propor soluções, explica a coordenadora para Santa Catarina, Reginete Panceri.

Desta vez, além das cheias, também serão analisados pelos técnicos japoneses os deslizamentos de terra. A comitiva ficará no Vale do Itajaí até setembro de 2011. Nesta segunda-feira, às 15h, uma cerimônia na Secretaria de Desenvolvimento Regional de Blumenau apresentará os especialistas responsáveis pelo projeto.

Veículo: Jornal de Santa Catarina.
Edição: 11927.
Editoria: Geral.
Página: 14.
Jornalista: Cristian Weiss (cristian.weiss@santa.com.br).