Energia brota no Vale

O potencial energético dos rios da Bacia do Itajaí-Açu será cada vez mais explorado por Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs). Em toda a região, há 24 projetos de usinas. Conforme o site da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), sete delas são para o Itajaí-Açu. A primeira a sair do papel foi a da PCH Ibirama, que deve começar a gerar energia em janeiro de 2011. Depois, os estudos mais adiantados são as usinas Estação Indaial e outra em Rio dos Cedros, ainda sem nome.

A hidrelétrica de Ibirama está sendo erguida na localidade de Ponto Chic e terá investimento de R$ 100 milhões de reais. O primeiro Megawatt será gerado em janeiro do ano que vem. A usina de Indaial, no Bairro Encano, está em fase de Estudo de Impacto Ambiental. Em Rio dos Cedros, também estão sendo elaborados os projetos de impacto ambiental e social. Nesta, o custo total será de R$ 120 milhões. A previsão é que estas duas hidrelétricas comecem a produção comercial em dezembro de 2012.

– A vazão e a inclinação dos rios são próprios para para pequenas usinas fio d'água – explica Sandro Geraldo Bagattoli, professor da disciplina de Mercado de Energia Elétrica do curso de Engenharia Elétrica da Furb.

Apesar de admitir a possibilidade de exploração comercial da bacia, o chefe do Departamento de Geração da Celesc Geração, Augusto José de Seixas Vargas, diz que a empresa não tem planos de construir novas usinas na região. Por enquanto, o único projeto em andamento é a ampliação da Usina do Salto, em Blumenau.

– A região é muito atrativa para investidores privados. Eles fazem toda a análise de viabilidade junto à Aneel e Fatma – explica Vargas.

Para a gerente de licenciamento de empreendimentos em recursos hídricos da Fundação do Meio Ambiente, Graciela Canton, o rio oferece boas oportunidades de geração de energia pela vazão de água, porém é preciso fazer estudos minuciosos antes de aprovar as obras. O Itajaí-Açu tem espécies que só existem nele e são ainda pouco estudadas. A incerteza da sobrevivência das plantas e animais raros pode impedir a construção de novas hidrelétricas.

– Os investidores têm que provar que vão afetar o menos possível a natureza – afirma Graciela.

Usinas de menor porte não garantem a autossuficiência para o Vale

As Pequenas Centrais Hidrelétricas não garantem que o Vale se mantenha autossuficiente na geração de energia elétrica. Os motivos principais para isto são as características deste tipo de usina e a quantidade de energia gerada.

As pequenas usinas geram entre 1 e 30 Megawatts (MW). O chefe do Departamento de Geração da Celesc Geração, Augusto José de Seixas Vargas, explica que seriam necessárias dezenas de pequenas centrais para abastecer todo o Vale.

Legalmente as pequenas usinas só podem comercializar energia para determinados empreendimentos que tem um consumo mínimo elevado como, por exemplo, shoppings centers.

Apesar destes fatores, os moradores que moram próximos das usinas e a Celesc são beneficiados. Em caso de queda de energia em alguma grande usina, as localidades próximas das pequenas centrais continuarão recebendo energia. A Celesc também lucra. As usinas menores precisam de alguma forma enviar a energia para os clientes. Para isso, usam as linhas de transmissão e distribuição existentes, pagando uma espécie de aluguel à Celesc.

Hidrelétrica de Ibirama fica pronta em janeiro de 2011

As águas do Rio Itajaí do Norte – conhecido também como Rio Hercílio -, vão ganhar nova função a partir de janeiro de 2011. As corredeiras e o desnível, que propiciam a prática de rafting e outros esportes radicais, tornarão possível a geração de energia elétrica. As obras da Pequena Central Hidrelétrica Ibirama serão concluídas em dezembro deste ano. A potência instalada em Ibirama será de 21 Megawatts (MW). Energia suficiente para abastecer as cidades de Ibirama, José Boiteux, Vitor Meireles, Witmasum e Presidente Getúlio. A expectativa é que o pico de obras da usina ocorra entre agosto e setembro. Neste período, serão empregados 200 trabalhadores. Há 12 meses em construção, o custo total será de R$ 100 milhões. O investimento é do Grupo Brennand Energia, de Pernambuco. A previsão é que a operação comercial comece em janeiro de 2011.

Como a usina é do tipo fio d'agua, o impacto ambiental é reduzido. A característica principal deste tipo de hidrelétrica é que não há reservatório de água, apenas barragem. Isso diminui a área alagada. A água entrará num túnel submerso de 1,8 mil metros, caindo 49 metros. Na casa de máquinas, instalada na localidade Ponto Chic, três turbinas com capacidade de 7 MW cada serão impulsionadas. Depois, a água desviada volta para o leito do rio.


A prefeitura de Ibirama receberá R$ 1 milhão para investimentos como compensação pela degradação ambiental.

Saiba mais (anexo)

Veículo: Jornal de Santa Catarina.
Edição: 11958.
Editoria: Economia.
Página: 8.
Jornalista: Daniela Matthes (daniela.matthes@santa.com.br).