SC perde liderança nacional

BLUMENAU – Santa Catarina deixou de ser o Estado com a melhor educação pública do país. A queda de uma posição no ranking de 5ª a 8ª série do Ensino Fundamental foi oficializada pelo Índice de Desenvolvimento de Educação Básica (Ideb) de 2009, divulgado pelo Ministério da Educação (MEC). São Paulo é o novo líder. Nas séries iniciais (1ª a 4ª), as escolas catarinenses ficaram novamente em quinto lugar o mesmo desde 2005, quando começou a ser feita a avaliação.

O secretário de Estado da Educação, Silvestre Heerdt, destaca que o desempenho será encarado como um desafio, com investimentos e mudança de postura:

– A sala de aula deve deixar de ser um espaço onde se ensina para se tornar um espaço onde se aprende.

O doutor em Educação e diretor do Centro de Ciências da Educação da Universidade Federal de Santa Catarina, Wilson Schmidt, entende que o Ideb reflete a insuficiência dos esforços feitos em políticas públicas para melhorar a educação. Para ele, a municipalização do ensino não é o caminho porque ignora as peculiaridades individuais de cada cidade. Não há como tratar igualmente os desiguais, afirma.

As projeções estipuladas pelo Inep até 2021 devem ser superadas no Estado, acredita o secretário de Educação. Heerdt considera as metas como um índice mínimo para ser alcançado no ritmo normal de crescimento. Incentivo à leitura, com a compra de coleções de livros, investimentos em computadores e estímulo à presença dos pais na escola são algumas medidas adotadas para que as escolas catarinenses continuem batendo as metas.

O QUE SÃO AS METAS
As metas são o caminho traçado de evolução individual dos índices, para que o Brasil evolua da média nacional 3,8 registrada em 2005 para um Ideb igual a 6 na primeira fase do Ensino Fundamental. Foi o Inep quem estabeleceu parâmetros técnicos de comparação entre a qualidade dos sistemas de ensino do Brasil com os de países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). A referência à OCDE é parâmetro técnico em busca da qualidade, e não critério externo às políticas públicas educacionais desenvolvidas pelo MEC, no âmbito da realidade brasileira.

Prova retrata disparidade entre séries iniciais e finais

No Vale do Itajaí e Litoral Centro-Norte, 13 escolas municipais e estaduais aparecem entre as 100 melhor avaliadas pelo MEC entre 1ª e 4ª série. Todas as de Blumenau têm média superior a seis, equivalente ao índice de países desenvolvidos. No entanto, quando se analisa o desempenho das séries finais do Ensino Fundamental, o resultado não é tão animador. Nenhum colégio chegou à nota seis.

– De 1ª a 4ª série, os alunos passam todo o período com um professor, que acaba conhecendo as principais dificuldades de cada um e trabalhando em cima delas. De 5ª a 8ª, são 45 minutos com cada professor. Muitas vezes, ele não consegue desenvolver um trabalho diferenciado, individualizando os alunos – explicou a gerente Regional de Educação, Simone Malheiros.

Para tentar melhorar o quadro das séries finais do Ensino Fundamental, a Secretaria de Estado da Educação, em parceria com o Ministério da Educação, está implantando o projeto Mais Educação, que nomeia um coordenador por região para identificar e desenvolver as escolas que apresentam dificuldades de ensino. Em Blumenau, prefeitura e Furb discutem a criação, a partir de 2012, de um sistema de avaliação nos moldes do Ideb, focado em todas as unidades de ensino da rede municipal.

– Estamos muito satisfeitos com o resultado das escolas municipais no Ideb. Todas conseguiram aumentar as notas – comemorou o secretário municipal de Educação, Osmar Matiola, que destacou o trabalho de formação dos professores de Matemática e Língua Portuguesa, disciplinas avaliadas no Ideb.

Ranking Estadual (anexo)

Veículo: Jornal de Santa Catarina.
Edição: 11984.
Editoria: Geral.
Página: 11.