Saúde é o pior setor do Brasil

Os brasileiros estão mais descontentes com os problemas enfrentados na área da saúde do que com as condições de educação e de trabalho – consideradas melhores no sul do país.

É o que mostra uma pesquisa divulgada ontem pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), que leva em conta, de forma inédita, valores, vivências e percepções subjetivas da população.

Com o objetivo de analisar o que os brasileiros sentem sobre esses três aspectos, os pesquisadores criaram um novo indicador de qualidade de vida: o Índice de Valores Humanos (IVH), construído a partir de 1.887 questionários, aplicados em 24 estados.

Em uma escala de zero a um, o IVH para a saúde não passou de 0,45 na média nacional – contra 0,54 na educação e 0,79 na área do trabalho. Os entrevistados foram questionados sobre temas que fazem a diferença sempre que procuram ajuda na rede pública ou privada, em hospitais ou postos de saúde: o tempo de espera por atendimento médico, a linguagem usada pelos especialistas e o interesse demonstrado pelos profissionais.

Na região Sul, o índice ficou um pouco acima da média – em 0,47 -, mas ainda assim abaixo do que os pesquisadores registraram no Sudeste e no Centro-Oeste. De um modo geral, 51% dos entrevistados consideraram o atendimento demorado.

– Esperamos que isso sirva para orientar políticas públicas que incluam os cidadãos e que façam a diferença – diz o economista Flavio Comim, que coordena o Relatório de Desenvolvimento Humano Brasileiro 2009/2010.

Para entender como os brasileiros se sentem em relação ao trabalho, Comim e sua equipe incluíram questões sobre esgotamento emocional, falta de reconhecimento, realização profissional e liberdade de expressão nas planilhas. O resultado surpreendeu principalmente no sul do país, onde o IVH-T chegou a 0,84.

– Tudo indica que no Sul há menos sofrimento no trabalho – diz o especialista.

Veículo: Jornal Diário Catarinense.
Edição: 8894.
Editoria: Geral.
Página: 21.

 

Ao tratar da educação, o resultado foi bem aquém do que as autoridades gostariam. O IVH-E chegou a apenas 0,54 na escala de zero a um. No Sul e no Sudeste, a média foi de 0,55.