Coordenadora operacional dos censos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Maria Vilma Salles Garcia trabalha para garantir que nada saia errado no Censo 2010. A servidora conversou com Diário Catarinense por telefone. A seguir, leia os principais trechos da entrevista:
Diário Catarinense – Qual será o grande diferencial deste censo em relação ao de 2000?
Maria Vilma Salles Garcia – A principal diferença é a informatização. Toda a coleta será feita em computador de mão (PDA) e teremos os dados atualizados diariamente. Vamos verificar problemas e corrigi-los de imediato.
DC – Que mudanças a senhora destaca nos novos questionários?
Maria – Pela primeira vez, será possível que os casais homossexuais declarem que são cônjuges. Talvez nem todos optem por isso, mas, de qualquer forma, teremos um dado interessante. Também vamos investigar quais são as línguas faladas pelas populações indígenas e quantos brasileiros moram no Exterior.
DC – É possível projetar que Brasil o Censo 2010 revelará?
Maria – O Brasil viveu grandes mudanças nesse início de século 21, principalmente em termos de redistribuição de renda. O censo vai mostrar uma melhora geral do padrão de vida. O maior acesso da população à internet, por exemplo, deve ser um dos destaques.
DC – Alguns países decidiram que não farão mais grandes censos de 10 em 10 anos. O IBGE projeta mudanças?
Maria – Estamos fazendo testes envolvendo o censo contínuo, que já existe na França e nos Estados Unidos. A ideia é pesquisar 20% da população dos municípios por ano. Assim, a cada cinco anos, e não mais a cada 10 anos, teremos dados atualizados de todo o território coberto. Mas isso ainda está em estudo.
Por que o censo é importante?
O censo produz informações imprescindíveis para a definição das políticas de governo e para a tomada de decisão em relação a investimentos públicos e privados.
Sou obrigado a responder o censo?
A Lei nº 5.534, de 14 de novembro de 1968, obriga a prestação de informações estatísticas. O texto do Art. 1º estabelece que toda pessoa que esteja sob a jurisdição da lei brasileira é obrigada a prestar as informações solicitadas pelo IBGE, visando à execução do Plano Nacional de Estatística (Decreto-Lei nº 161, de 13 de fevereiro de 1967, Art. 2º, § 2º).
Se eu não responder, posso sofrer alguma punição?
De acordo com a Lei nº 5.564, de 14 de novembro de 1968, a "não prestação de informações nos prazos fixados" gera multa de até 10 vezes o maior salário mínimo vigente no país. O pagamento da multa não livra o infrator da obrigação de prestar as informações.
Posso responder pela internet?
Sim. Mas primeiro você terá de ser visitado por um recenseador. Se realmente não puder responder pessoalmente, basta manifestar o desejo de completar o questionário pela internet. O recenseador lhe entregará um envelope com o código de acesso e o endereço eletrônico. Você terá 10 dias para responder.
Preste atenção: O IBGE não enviará nenhum e-mail solicitando preenchimento de questionários. Se receber algo do tipo, não abra. Pode ser um vírus de computador.
Como tenho certeza de que a pessoa à minha porta é do IBGE?
l Verifique se ele está vestido com colete e boné azuis, identificados com o símbolo do IBGE e do Censo 2010
l Observe se ele está portando um computador de mão com o símbolo do IBGE
l Confirme o nome e o número da matrícula ligando gratuitamente para o telefone 0800 721 8181 ou consultando o site www.ibge.gov.br/censo2010/recenseadores.php
QUANTAS PESSOAS VIVEM NO BRASIL
Sabe aquela parte do livro de geografia que fala sobre quantas pessoas moram no Brasil?
Esse número vem de pesquisas realizadas pelo governo. A principal delas se chama Censo.
Ele é feito a cada 10 anos. O último foi em 2000.
Por quatro meses, pesquisadores vão procurar todas as casas do Brasil e conversar com os moradores.
Eles usam colete e boné azul com o símbolo ao lado e perguntam sobre tudo: desde quantas pessoas fazem parte da família até quantos computadores têm na casa.
Veículo: Jornal Diário Catarinense.
Edição: 8883.
Editoria: Geral.
Página: 4.
Jornalista: Viviane Bevilacqua (viviane.bevilacqua@diario.com.br).