Pesquisas que apontam o baixo nível de cobertura da coleta de esgoto no Brasil já não chocam, mas a posição do País em um ranking no qual figuram países com graves problemas de infraestrutura chama a atenção. Segundo um estudo da Organização Mundial da Saúde (OMS), em parceria com o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), 13,3 milhões de brasileiros – 7% da população – não têm acesso a banheiros em casa. Significa a ausência de qualquer estrutura, mesmo improvisada, que tem função de separar do meio ambiente os dejetos humanos.
A situação é mais crítica nas áreas rurais brasileiras, onde 30% dos moradores vivem essa situação. Ainda assim, 3% da população que mora em cidades têm o mesmo problema. Os percentuais se referem a 2008. A OMS considera a ausência de banheiro perigosa para a saúde pública.
Segundo a organização, essa é "normalmente a principal ameaça à saúde em campos de refugiados" – comuns em países como Etiópia e Sudão, onde a situação atinge pelo menos 40% da população. Em favelas de países populosos como Índia e China, onde barracos se amontoam, o risco de contaminação dos rios que abastecem moradores é elevado.
No Brasil, as regiões com essa carência estão em regiões pouco urbanizadas no interior do País, em que a falta de infraestrutura é notável, mas também afeta cidades. De 1990 a 2008, houve melhorias: 50 mil brasileiros passaram a contar com instalações sanitárias adequadas. A diferença entre a região urbana e a rural segue a tendência mundial. Para o estudo, "áreas rurais continuam a ter baixa porcentagem de população que usa estruturas sanitárias improvisadas e alto número de pessoas que não têm acesso a nenhuma".
Do 1,3 bilhão de pessoas que saíram da condição degradante, 64% estão em cidades. Mas não sem custo. "Apesar de áreas urbanas estarem mais bem servidas, têm dificuldade em sustentar o crescimento populacional."
Único latino-americano (anexo)
Veículo: Jornal A Notícia.
Editoria: AN País.
Página: 14.