SÃO PAULO – Houve surpresa com o anúncio de alta de 1,2% no Produto Interno Bruto (PIB) do segundo trimestre em relação ao anterior. Muito acima da expectativa entre 0,6% e 0,8% o índice divulgado sexta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) realimentou temores sobre a capacidade de sustentação da velocidade. Ainda mais que o semestre teve a maior taxa de crescimento dos últimos 14 anos, 8,9% de janeiro a junho.
– O resultado mostra desaceleração, mas se imaginava que seria mais forte. A economia continua muito robusta, foi uma surpresa que gera preocupação sobre inflação e política monetária – avaliou Flávio Serrano, economista-chefe do BES Investimento.
Essa inquietação está baseada em detalhes da evolução do PIB como a diferença de comportamento do consumo das famílias, que desacelerou para 0,8% no trimestre, e o do governo, que se manteve elevado, em 2,1%. Outro indicador importante é o do volume de investimentos na economia, medido pela taxa bruta de capital fixo, que no segundo trimestre ficou em 17,9% do PIB, a segunda maior desde 2000, mas segundo analistas ainda insuficiente.
– Para sustentar um crescimento de 5%, é necessária uma taxa de investimento de 25%. Como estamos crescendo a uma taxa superior com investimento abaixo do que seria compatível, é preciso reequilibrar essa equação – detalha o consultor Edgard Pereira.
Na comparação com o segundo trimestre de 2009, o PIB cresceu 8,8%.
Entusiasmado com o desempenho, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, projetou expansão de 7% para este ano e afirmou que crescimento elevado com inflação controlada é um resultado incomum no país. Para analistas, porém, crescer acima da capacidade sem pressão inflacionária só foi possível graças ao que chamam de poupança externa – recursos do exterior sustentam a velocidade atual do PIB.
Rogério César de Souza, economista-chefe do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), admite que a taxa de investimento ainda é baixa para o ritmo do PIB mas argumenta que aumentar juro é um remédio amargo e com efeitos colaterais.
– Atinge a economia como um todo, reduz o consumo, mas também desestimula o investimento. O investimento é a variável mais importante para a economia brasileira não perder ritmo, mas tudo indica que vai aumentar com a Copa do Mundo e a exploração do pré-sal. Nossa projeção é de que atinja algo entre 20% e 22% do PIB até 2014.
No segundo trimestre, o crescimento brasileiro ficou acima do registrado na maioria dos países desenvolvidos.
PARA SEU FILHO LER |
Um país é como uma família: o que o pai e a mãe ganham como salário reverte para todos, que usam essa riqueza para comprar alimentos, pagar os estudos, se divertir e até poupar. A família tem uma renda. O país tem o PIB, sigla de Produto Interno Bruto, número que junta tudo o que as pessoas desse lugar produziram e gastaram num ano. O PIB indica riqueza: quanto mais rico um país é, melhor as pessoas poderão viver nele. Entre os meses de janeiro, fevereiro e março, esse número cresceu muito no Brasil. É uma boa notícia porque indica que estamos melhor do que no ano passado. É como se o seu pai fosse promovido e pudesse convidar toda a família para jantar. Sem pendurar a conta no cartão de crédito. |
Números (anexo 343)
A variação (anexo 344)
Veículo: Jornal de Santa Catarina.
Edição: 12036.
Editoria: Economia.
Página: 10.