Velhice com amor e lucidez

Maria Luiza Fenner viveu ontem mais um dia de alegrias. Por volta das 19h, sentou-se à mesa para comer bolo e tomar chá com familiares e amigos para comemorar 103 anos de vida. Florianopolitana e passando temporada na casa da filha Maria Ester Fenner Kretzer, em São José, faz parte dos 277 catarinenses contados pelo IBGE com mais de 100 anos.

Com boa saúde, lúcida e cercada de carinho, Maria Luiza deve começar esta sexta-feira com a sua rotina:

– Acordo por volta das 5h, ligo a TV e rezo o terço. Depois, pego o jornal para ler (sem óculos). Leio tudo. Se os netos querem saber sobre política, eu conto como estão as coisas. Quando o jornal não chega, passo a mão no telefone e reclamo.

E foi por esta ousadia que a reportagem localizou Maria Luiza justamente no dia em que o IBGE confirmaria a última Pesquisa Nacional por Amostragem de Domicílios (PNAD): o catarinense está vivendo mais. Pela manhã ela ligou para a redação.

– Estou fazendo 103 anos. Quer dizer, são 107 pois naquela época os pais deixavam nascer três, quatro filhos para registrar. Hoje não, se demorar é obrigado a fazer DNA.

Maria Luiza cursou somente o 3º ano do antigo primário. Casou-se aos 19 anos e teve duas filhas. Seu casamento durou 50 anos, até que ficou viúva de Frederico Geraldo Fenner, um ferreiro que ajudou a construir a Base Aérea de Florianópolis. Foi um casamento feliz, confirma a filha:

– Eu fui criada dentro do amor – conta a pedagoga Maria Ester.

Maria Luiza é independente. Mora em casa própria e só (ao lado de um familiar), assume suas despesas e dá conselhos sobre a criação dos jovens:

– Não aceito que culpem os adolescentes de serem mal educados. São ainda barco sem leme na vida e cabe aos mais velhos governá-los.

Veículo: Jornal Diário Catarinense.
Edição: 8981.
Editoria: Geral.
Página: 22.
Jornalista: Angela Bastos (angela.bastos@diario.com.br).