SC cresce só 3% em 2008, segundo IBGE

A economia catarinense cresceu 3% em 2008, frente a 2007, de acordo com dados divulgados ontem pelo IBGE. O desempenho ficou abaixo da média nacional, que cresceu 5,2% no período, mas Santa Catarina mantém a maior renda per capita do Sul e está em quarto lugar no ranking nacional, com R$ 20,3 mil.

O Produto Interno Bruto (PIB), que representa a soma dos bens e serviços produzidos numa região específica e durante um período determinado, somou R$ 123,2 bilhões. Esse valor representa 4,1% do PIB nacional, que somou R$ 3,03 trilhões.

Com o resultado, Santa Catarina ultrapassou o Estado da Bahia e ocupa a sexta posição no ranking nacional.

Se for considerado o PIB per capita, ou seja, a renda média por habitante, SC conquistou o quarto lugar no país, ultrapassando o Espírito Santo. Com esse desempenho, SC manteve a liderança entre os estados do Sul do país, posição que ocupa desde 2003.

Santa Catarina vem crescendo sistematicamente abaixo da média brasileira nos últimos anos. Com exceção de 2003, quando a variação do PIB em SC foi de 7,5% e a do Brasil ficou em 5,7%, e de 2007, em que a variação ficou em 6% tanto no país quanto em SC, nos outros anos, o Estado teve desempenho próximo à metade da média nacional.

O secretário de Planejamento, Vinícius Lummertz, credita o baixo desempenho da economia catarinense em 2008 à valorização do real frente ao dólar e ao início da crise financeira. A moeda americana caiu de R$ 3 para R$ 1,9 entre 2003 e 2008. Nesse período, as exportações pularam de US$ 3,16 bilhões para US$ 7,4 bilhões. Com o dólar mais baixo, a participação no PIB estadual caiu de 17% para 13,7% no período.

– Projetamos 5% de crescimento e ficamos com 3%. Não temos perfil de exportação de commodities, somos o terceiro maior exportador de produtos de valor agregado. Sofremos com o câmbio e a competição estrangeira – observa o secretário.

Lummertz acredita que, em 2009, o PIB fique pouco acima de 0,4% e, para 2010, projeta 7% de crescimento, assim como o Brasil.

Indústria expandiu apenas 0,1% em 2008

Entre os setores, o de serviços cresceu 4% e representou 57,52% da economia estadual. O comércio cresceu 6,6%, enquanto a intermediação financeira aumentou 9,9% e o transporte rodoviário cresceu 8%.

O presidente da Federação do Comércio (Fecomércio), Bruno Breithaupt, destaca que a participação dos serviços no PIB estadual é menor do que a média nacional, em que o setor contribuiu com 66,19% do PIB.

– Há espaço para crescer – relativiza Breithaupt.

Já o setor industrial, que representa 34,44% do PIB estadual, cresceu apenas 0,1%. A indústria extrativista puxou a fila, crescendo 32%, e a construção civil 7,5%, mas a indústria de transformação caiu 1,5%.

O diretor de Relações Institucionais da Federação das Indústrias (Fiesc), Henry Quaresma, lembra que nos anos anteriores a 2008 houve um crescimento maior. Além disso, foi a época pré-crise financeira mundial. A exportação foi dificultada em 2008 e a produção industrial caiu 0,7%, puxada pelo setor de madeira, com queda de 26%

– O grande elemento que gera riqueza é a indústria, que agrega valor. Há a necessidade de manter investimentos em condições adequadas no Estado, quanto à logística, infraestrutura, custo do gás natural (que estava elevado em 2008), entre outros fatores – contextualiza Quaresma.

A agropecuária, que contribuiu com 8,04% do PIB em 2008, cresceu apenas 4%. O secretário de Agricultura, Enori Barbieri, lembra que no ano anterior, em 2007, fechou-se o mercado russo para a carne suína, em função da febre aftosa no Paraná. O volume caiu de 250 mil toneladas por ano para 100 mil toneladas.

Barbieri destaca que os preços agrícolas estavam ruins desde 2008, com recuperação somente a partir de agosto de 2010. Além disso, em 2008, houve diversos problemas climáticos como a seca no Oeste e as inundações no Litoral e Vale do Itajaí.

Evolução do PIB (anexo)

Veículo: Jornal Diário Catarinense.
Edição: 8994.
Editoria: Economia.
Página: 27.
Jornalista: Alícia Alão (alicia.alao@diario.com.br).