\"Para a Petrobras não faz diferença\", diz Gabrielli

Oficialmente, a decisão sobre como será feita a distribuição dos royalties do pré-sal é indiferente para a Petrobras, segundo o presidente da estatal, José Sergio Gabrielli. "Para nós não faz diferença. Pagaremos de qualquer maneira, independentemente de como seja a distribuição", disse Gabrielli, após participar de uma audiência pública no Congresso Nacional.

Gabrielli, no entanto, não é tão indiferente assim quanto ao assunto. "Como cidadão, acho que a distribuição dos royalties, da forma que estava, era inadequada, porque concentrava demasiadamente os royalties em alguns Estados."

Por outro lado, disse ele, a distribuição equânime entre os Estados também não é o melhor caminho porque prejudica aqueles onde está localizada a produção. "Deve ser buscado um meio termo. Não é justo concentrar 85% dos royalties nos Estados que concentram a produção, como também não é justo que eles recebam a mesma coisa que Estados que não têm nada a ver com aquela exploração."

O pagamento de uma recompensa aos Estados produtores de petróleo é algo previsto na Constituição, disse ele, mas não está determinada que recompensa é essa. "Por isso é uma decisão do Congresso."

Segundo Gabrielli, a nova concepção do marco regulatório da partilha e produção do pré-sal traz elementos importantes para definir a velocidade com que serão feitas as primeiras licitações relacionadas à exploração do petróleo. O governo quer acelerar a monetização das potenciais reservas, mas precisa levar em conta a velocidade da indústria brasileira em fornecer materiais e serviços para a exploração do petróleo. "É necessário que a velocidade de exploração dessas novas áreas sejam reguladas pela capacidade de construção de estaleiros, de produção de máquinas e equipamentos, de conhecimento e desenvolvimento científico", comentou. "O Conselho Nacional de Política Energética vai analisar essa questão. É preciso crescer para evitar o risco de o país se desindustrializar."

Neste ano, os investimentos da Petrobras deverão atingir US$ 44 bilhões. Entre 2010 e 2014, a injeção total de recursos deverá atingir US$ 224 bilhões. Atualmente, a estatal tem 3,5 mil projetos em andamento.

Veículo: Jornal Valor Econômico.
Edição: 2646.
Editoria: Brasil.
Página: A6.
Jornalista: André Borges, de Brasília.