Hospital pede socorro

 

GASPAR – As finanças do Hospital Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, o Hospital de Gaspar, inspiram cuidados. Desde janeiro, quando reabriu após quase três anos fechado e depois de passar por uma completa reforma, as dívidas contabilizam R$ 1,2 milhão. O déficit mensal está entre R$ 150 e R$ 200 mil. Para cortar custos, oito funcionários da Administração foram demitidos no final de novembro e plantonistas nas áreas de cirurgia geral, pediatria e obstetrícia só trabalham de sobreaviso aos feriados e fins de semana. A medida vai gerar economia de R$ 50 mil. Agora, o hospital pleiteia repasses junto à prefeitura e ao governo do Estado, para garantir que a situação financeira fique mais saudável a partir do ano que vem.

– Foi muito ruim ficar sem hospital em nossa cidade. Sempre que precisávamos de atendimento médico, recorríamos a Blumenau. O hospital não pode fechar, será muito ruim para a comunidade – desabafa Maria Edite de Oliveira, que semana passada estava com um parente internado em Gaspar.

O atendimento no Pronto Socorro, no entanto, ainda não sofreu baixa e a expectativa é de que não ocorram novas demissões, afirma o presidente do Conselho de Administração e atual administrador do hospital, Celso de Oliveira. Ele explica que os atendimentos nos três primeiros meses de reabertura ficaram abaixo das expectativas, o que aumentou as dívidas. Hoje, são atendidos 2,5 mil pacientes mensais no Pronto Socorro – 95% pagos pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Incluindo cirurgias de baixa e média complexidade, 85% dos atendimentos são quitados pelo SUS, que repassa valores abaixo do necessário para custear as despesas médicas de cada paciente.

Para manter as portas abertas, o hospital gasta R$ 500 mil por mês. Porém, o faturamento fica entre R$ 300 e R$ 350 mil. As dívidas são com fornecedores, diz Oliveira:

– Mas não há como fechar o Hospital de Gaspar. Os sistemas de saúde de Blumenau ficaram sobrecarregados quando não tínhamos hospital aqui.

Este ano, a prefeitura ajudou com repasse mensal de R$ 175 mil. O Estado enviou R$ 1,2 milhão em 2010. A partir do ano que vem, o hospital quer aumentar os valores.

– Com esse dinheiro, conseguimos manter o hospital. O dinheiro que vem do SUS, convênios e particulares poderíamos aplicar para sanar dívidas e efetivar a compra de equipamentos, por exemplo – argumenta Oliveira.

Município descarta aumento de repasse

A gerente de Saúde da Secretaria de Desenvolvimento Regional (SDR), Edite Adriano, diz que ainda não foram definidos os valores que o Estado repassará ao hospital a partir do próximo ano. O secretário municipal de Saúde de Gaspar, Francisco Hostins Júnior, diz que o município, além do repasse mensal, ajudou o hospital com R$ 400 mil no início de 2010. Semana passada, a Câmara de Vereadores aprovou projeto que garante 12 parcelas de R$ 175 mil ao estabelecimento de saúde em 2011. Sobre a possibilidade de aumentar o valor para R$ 250 mil, como quer a administração do hospital, ele é categórico:

– É impossível, vai estourar o orçamento da Secretaria de Saúde. Já estamos no nosso limite.

DIAGNÓSTICO

– 2007: hospital fecha as portas em março por não conseguir atender exigências técnicas e determinações judiciais, além de não dispor de recursos para se manter. Começam reformas para melhorar a estrutura física. Foram gastos R$ 12 milhões, vindos de empresários e governos municipal, estadual e federal

– 2009: obras são concluídas em dezembro e o hospital é inaugurado

– 2010: reabre em 4 de janeiro e volta a atender à comunidade. Em abril, um novo fechamento era estudado se o governo do Estado não repassasse recursos mensais de R$ 100 mil. Em apenas três meses de atendimento, o hospital acumulava dívida de R$ 1 milhão. Mês passado, o Conselho de Administração anunciou a demissão de oito funcionários para cortar despesas

Veículo: Jornal de Santa Catarina.
Edição: 12121.
Editoria: Geral.
Página: 13.
Jornalista: Priscila Sell (priscila.sell@santa.com.br).