A lista das 10 cidades catarinenses com maior Produto Interno Bruto (PIB) teve apenas uma alteração em 2008. Lages conquistou a 10ª posição de Brusque, como mostra o relatório divulgado ontem pela Secretaria de Estado do Planejamento em parceria com o IBGE.
Os números do PIB (soma de todas as riquezas geradas) são sempre divulgados com dois anos de atraso. Florianópolis manteve a terceira posição no ranking estadual pelo segundo ano consecutivo, posto que agora é ocupado por Itajaí. Joinville segue firme na ponta, respondendo por 10,7% do que é produzido no Estado. No âmbito nacional, a cidade do Norte do Estado aparece em 30º, Itajaí em 39º, e a Capital, em 50º.
Florianópolis, aliás, é a única das capitais brasileiras que não lidera a lista dos maiores PIBs do Estado.
– A Capital era a segundo no ranking até 2006, quando perdeu a posição para Itajaí. Isso ocorreu, principalmente, por causa do Pró-Emprego, programa do governo estadual que deu incentivos fiscais para que importadoras se instalassem na cidade portuária – explica Cláudio Mendonça, coordenador do estudo.
Prova disso é que, no valor adicionado bruto, que contabiliza o resultado da economia municipal no ano, Florianópolis ainda aparece na segunda posição no Estado. Somados os impostos recolhidos, que também entram na conta do PIB, Itajaí consolida a vice-liderança. A cidade do Litoral Norte foi a quinta cidade no país entre 100 mil e 500 mil habitantes a ter o maior ganho de participação na economia brasileira em uma década.
O PIB de Itajaí cresceu 10 vezes desde 2000 – a comparação não leva em conta a inflação do período -, o melhor desempenho entre as grandes cidades do Estado. O segundo município com maior crescimento neste período foi São Francisco do Sul, que multiplicou por cinco o PIB.
Lages ultrapassou Brusque e tornou-se a 10ª maior economia catarinense. Na avaliação de Mendonça, essa troca se explica porque Brusque sofreu, em 2008, uma queda no desempenho do setor de serviços.
– Isso provavelmente ocorreu porque o turismo da cidade, focado no comércio, foi menor naquele ano. Com a ida de menos excursões para Brusque, o efeito se multiplicou.
No Brasil os maiores (anexo)
Oeste lidera na ponta de baixo
Na ponta de baixo do ranking, as cidades de Lajeado Grande, no Oeste do Estado, e Rio Rufino, na Serra Catarinense, deixaram a zona dos 10 municípios com menor PIB em comparação com o ano anterior. O lugar delas foi ocupado por Macieira (Planalto Norte) e Entre Rios (Oeste).
– São municípios tão pequenos, com a base da economia na agropecuária e na administração pública, que qualquer alteração na cidade pode fazer com que eles mudem de posição – observa Cláudio Mendonça.
O coordenador do estudo ressalta que alterações simples, como o aumento de área plantada em uma safra ou a abertura de uma lanchonete, uma facção têxtil ou outro negócio de menor porte nestas cidades é suficiente para alterar o PIB de forma significativa. A troca de posições entre os municípios menores é registrada com frequência nestes rankings a cada ano. O que é mais difícil de ocorrer no alto da lista.
Na análise de Mendonça, a crise global de 2008 afetou o desempenho do PIB estadual. Mas esse impacto deve ser observado com mais intensidade no ranking de 2009 que será divulgado apenas no próximo ano.
– A queda no PIB será maior na lista de 2009. Isso porque a crise começou no segundo semestre e começamos a senti-la mais no final de 2008 – avalia ele.
A divulgação do PIB dos municípios é feita sempre dois anos depois do ano estudado porque ela depende da pesquisa do IBGE. Os dados de 2008 foram coletados no primeiro semestre do ano seguinte, após o fechamento dos balanços das empresas.
Em relação ao início dos anos 2000, as maiores cidades catarinenses – a exemplo do que ocorreu com a maioria das grandes do país – passara, a ter no setor de serviços a principal geração de riqueza. Blumenau, por exemplo, viu a indústria perder terreno gradativamente até que, em 2008, sua contribuição no PIB caiu a 38,9%, contra 60,9% dos serviços. Maior economia do Estado, Joinville, ainda apresenta um equilíbrio maior entre os dois segmentos – o setor de serviços leva vantagem: 54,5% a 45,2%.
Veículo: Jornal Diário Catarinense.
Edição: 9017.
Editoria: Economia.
Página: 13.
Jornalista: Alessandra Ogeda.