Mesmo o Estado sendo considerado um dos mais escolarizados do País, o número de analfabetos catarinenses cresceu 14% entre 2004 e 2009. A análise é do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), baseado em dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, feita anualmente pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
No País, o número de analfabetos caiu 7%, segundo a pesquisa. Aproximadamente 1 milhão a menos de analfabetos. No período analisado, as maiores quedas na taxa de analfabetismo foram registradas no Nordeste – de 22,4% para 18,7% -, e Norte – de 12,7% para 10,6%. Com uma redução de 66%, o Amapá passou a ter a menor taxa de analfabetismo do Brasil: 2,8%.
Apesar da queda nacional, cinco Estados tiveram crescimento no número de analfabetos: Rondônia, Acre, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e Santa Catarina.
Em 2004, eram 208.874 analfabetos catarinenses. Até o ano passado, o número aumentou em 29.339, totalizando 238.213 pessoas que não sabem ler, nem escrever no Estado. Porém, o crescimento foi registrado somente na faixa de idosos com 65 anos ou mais.
Para o pesquisador do Ipea Paulo Corbucci, há surpresa no fato de o Estado figurar entre os cinco Estados com o maior aumento de analfabetismo no País. Ele explica que nos outros quatro – Rondônia, Acre, Mato do Grosso do Sul e Mato Grosso -, o panorama é compreensível por se tratarem de Estados essencialmente agrícolas e em expansão.
"Santa Catarina remete ao perfil de ser mais escolarizada e esse resultado parece ilógico. Isso só mostra que os programas de alfabetização são ineficazes ou o acesso a essas iniciativas é falho. Quando se tem aumento no número de analfabetos, é preciso aumentar mais o investimento nessa área", explica.
Segundo ele, dois fatores podem ter contribuído para esse crescimento ter sido maior na faixa etária de pessoas com 65 anos ou mais. A primeira seria o aumento na expectativa de vida da população e o consequente envelhecimento daquelas pessoas que em 2004 estavam na faixa de 60 a 64 anos. Outro motivo seria a migração de pessoas de outros Estados para as cidades catarinenses.
Em números (anexo)
A avaliação do governo de SC
A avaliação da Secretaria de Educação de Santa Catarina sobre o resultado da pesquisa é de que o número de analfabetos idosos aumentou por causa do crescimento na expectativa de vida catarinense.
Para a coordenadora de Educação de Jovens e Adultos do Estado, Maria das Dores Pereira, os catarinenses que não foram alfabetizados estão vivendo mais tempo.
Ela explica que, mesmo com o Programa Brasil Santa Catarina Alfabetizado, a meta de alfabetização – que é de pelo menos 30 mil por ano – está longe de ser alcançada. Em cinco anos, somente 45 mil pessoas concluíram o programa no Estado. O investimento do governo federal para o programa, que atua desde 2003 no Estado, é de R$ 1,5 milhão para 2011.
Maria das Dores argumenta ainda que o resultado da pesquisa apontando o crescimento de analfabetos em Santa Catarina se dá também pelo investimento federal ter sido superior nos Estados com índices mais baixos de escolaridade.
"O investimento foi maior nos Estados mais pobres do País. Por isso, a redução no número de analfabetos foi superior ao nosso", conta.
Veículo: Jornal A Notícia.
Editoria: AN Destaque.
Página: 4.
Jornalista: Cláudia Morriesen (claudia.morriesen@an.com.br).