BLUMENAU – O Conselho da Comunidade pedirá que o Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (Crea) elabore um laudo sobre os problemas estruturais encontrados nas 10 novas celas do regime fechado do Presídio Regional de Blumenau, inauguradas em novembro. Semana passada, o grupo, juntamente com representantes da seccional de Blumenau da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), vistoriou as celas e constatou que os espaços carecem de ventilação e iluminação.
Conforme o presidente da OAB, César Wolff, as celas só têm entrada de luz e ar nos fundos. Entretanto, algumas foram colocadas há um metro de distância do muro da unidade prisional, o que impede a iluminação e a ventilação. Durante a vistoria, Wolff ouviu queixas dos presos, que disseram ser impossível ler ou fazer trabalho manual por causa da escuridão. Eles ficam dentro das celas 22 horas por dia.
Com o laudo em mãos, serão cobradas melhorias na estrutura e o Estado será questionado sobre a escolha das celas, que além da falta de iluminação e ventilação, têm portas que se desencaixam dos trilhos sem que os agentes penitenciários percebam.
– Somos obrigados a melhorar as condições porque, mais cedo ou mais tarde, essas pessoas vão voltar para a sociedade – diz o presidente do Conselho da Comunidade, Marcelo Geiser Duran.
Semana passada, a juíza-corregedora substituta do presídio, Fabíola Dunka Geiser, solicitou que o Instituto Geral de Perícias (IGP) e a Vigilância Sanitária elaborassem laudos sobre as condições das celas. Ontem, o diretor de Vigilância em Saúde, Marcelo Schaefer, informou que a vistoria foi feita e o relatório encaminhado à Justiça. O documento está com o Ministério Público e será entregue à juíza.
Hoje, o presídio abriga 820 presos vindos de toda a região. É o segundo mais populoso do Estado, atrás apenas de São Pedro de Alcântara. De acordo com o levantamento elaborado pelo diretor, a cada mês o número de detentos aumenta 4%.
– Ou cada município cria Unidades Prisionais Avançadas (UPAs) e faz-se em Blumenau uma penitenciária para receber os condenados ou não tem jeito – afirma o coordenador da Comissão de Segurança Pública da OAB, Honório Nichelatti Junior.
CONTRAPONTO |
O que diz o diretor do Departamento de Administração Prisional (Deap), Adércio José Velter: |
Adércio foi procurado ontem para falar sobre os problemas nas novas celas, mas não atendeu ao celular em nenhuma das quatro tentativas. Na segunda, uma mulher atendeu, disse que ele estava em reunião e pediu retorno mais tarde. Tentamos outras duas vezes, mas ninguém atendeu. |
Veículo: Jornal de Santa Catarina.
Edição: 12119.
Editoria: Segurança.
Página: 25.
Jornalista: Priscila Sell (priscila.sell@santa.com.br).