A promessa de 199 novos policiais para o Vale do Itajaí até 2014, feita pelo comandante da Polícia Militar, coronel Nazareno Marcineiro, parece positiva à primeira vista. Afinal, os 939 agentes que patrulham 44 municípios da região se desdobram para tentar garantir a segurança dos 936,6 mil habitantes entre Brusque e Rio do Sul. É um policial para cada 997 moradores. Porém, quem espera que o reforço anunciado represente mais policiais na rua, está enganado. O que vai ocorrer é, na verdade, reposição da equipe. Em média, os três batalhões do Vale registram 35 aposentadorias por ano. Até 2014, se os 199 policiais prometidos chegarem, o saldo será de 59 policiais – menos de dois por cidade.
– É entristecedor o que estão fazendo com Blumenau. Não podemos aceitar que nos seja enviado uma pequena fatia do policiamento. Tem que ser dividido de maneira igual. Estamos carentes de segurança – afirma o presidente da Comissão de Segurança Pública da seccional de Blumenau da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Honório Nichelatti Júnior.
Os 199 policiais serão destinados à 7ª Região da PM, com sede em Blumenau e batalhões em Brusque e Rio do Sul. Nichelatti reforça a importância de os líderes políticos lutarem por um acréscimo efetivo do policiamento no Vale do Itajaí. Para ele, a PM tem o papel de prevenção à violência e, para isso, viaturas nas ruas trazem a sensação de segurança. O presidente da Associação Empresarial de Blumenau (Acib), Ronaldo Baumgarten Júnior, acredita que ainda dá para reverter a situação:
– Era promessa deste novo governo que Blumenau receberia uma atenção especial. Precisamos de mais policiamento e vamos lutar pela vinda deles. Todos sabem que a falta de segurança é grande e cresce cada vez mais.
O tenente-coronel César Luiz Dalri, que responde pelo comando da 7ª Região, lamenta:
– Vamos apenas manter o quadro de policiais. Em algumas cidades, que já têm o efetivo limitado, a aposentadoria de um PM pode representar mais problemas.
A promessa até 2014 (anexo 395)
O cálculo (anexo 396)
No Alto Vale, há um policial para cada 815 habitantes
Dos três batalhões da PM que pertencem à 7ª Região, Rio do Sul é o que sofre mais com a falta de policiais. O 13º Batalhão da PM abrange 29 cidades, com população de 269 mil habitantes. O efetivo é de, aproximadamente, 330 policiais, ou seja, um para cada 815 pessoas. O comandante do batalhão, coronel Carlos Roberto Fogaça Bueno, enumera que cidades como Rio do Oeste, Presidente Nereu e Rio do Campo têm apenas três policiais cada. Pior do que a falta de agentes é o aumento da criminalidade na região.
– Cada vez mais registramos assaltos em nossas cidades. A criminalidade já descobriu nosso ponto fraco. Sem efetivo, é difícil cumprir o papel de prevenção – constata o coronel.
No último concurso, em 2008, o batalhão recebeu 45 agentes. De lá para cá, o comandante explica que, entre aposentadorias e afastamentos, 50 homens saíram da corporação. Nenhum foi reposto.
– Se ganharmos pelo menos o que saiu neste tempo, conseguimos equilibrar este déficit. Tenho esperança de recebermos um número considerável deste montante de 199 policiais – diz o comandante.
A carga horária de trabalho de um policial é de 40 horas semanais. Nas cidades onde o efetivo é baixo, como no Alto Vale, os profissionais chegam a trabalhar 120 horas por semana. Além do esgotamento físico, o Estado acarreta número excessivo de horas extras.
Veículo: Jornal de Santa Catarina.
Edição: 12120.
Editoria: Segurança.
Páginas: 16.
Jornalista: Tatiana Santos (tatiana.santos@santa.com.br).