Alerta contra enchente terá mais radares

A criação do Sistema Nacional de Alerta e Prevenção de Desastres Naturais, anunciado pelo governo federal após as enchentes na região serrana do Rio de Janeiro, deverá exigir a compra de mais dez radares meteorológicos e mil pluviômetros automáticos para usar na previsão e monitoramento de chuvas. A estimativa é do cientista Carlos Nobre, que assumiu ontem o comando da Secretaria de Políticas e Programas de Pesquisa e Desenvolvimento, do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT).

O país tem, atualmente, cerca de 20 radares meteorológicos e 800 pluviômetros automáticos. Os radares captam dados sobre o movimento de circulação da massa de ar e de gotículas de água. Os dados são processados em supercomputadores para prever a localização e intensidade das chuvas. Já o pluviômetro mede o volume da chuva. O monitoramento desse dado pode informar se o solo de uma região, como o das encostas de morros, recebeu muita água e pode ter risco de deslizamento.

Nobre quer que as comunidades "saibam ler" os pluviômetros que serão instalados e possam avaliar risco de enchentes e encharcamento de solos. "Isso não é igual terremoto, dá alerta", explicou. No dia 11 de janeiro, véspera das chuvas que resultaram nos deslizamentos no Rio, os pluviômetros da regiao serrana já registravam volume excepcional de chuva, ou seja, havia informação sobre a possibilidade de o solo estar encharcado, o que provocou o deslizamento.

Além de equipamento para a previsão e monitoramento da chuva, Nobre lembra que é preciso usar sensores no solo e fazer estudos geológicos para conhecer as condições de várias áreas de risco, especialmente no Sudeste, Sul e Nordeste. O secretário não estabeleceu quantas cidades deverão fazer estudos geológicos e instalar equipamentos. Nos últimos 20 anos, 216 cidades registram anualmente pelo menos cinco mortes por causa de chuva.

A compra de equipamentos para monitoramento das chuvas e a implementação do Sistema Nacional de Alerta e Prevenção de Desastres Naturais envolve o Ministério da Ciência e Tecnologia, o Ministério da Integração Nacional, o Ministério da Defesa, o Ministério da Agricultura, o Ministério do Planejamento, o Gabinete de Segurança Institucional e a Casa Civil.

Ainda não há orçamento estabelecido para esses gastos. A lei orçamentária de 2011, aprovada pelo Congresso Nacional, ainda não foi sancionada e a expectativa é que haja cortes e remanejamento no Orçamento. A presidente Dilma Rousseff já assinou medidas provisórias para crédito extraordinário de R$ 780 milhões para obras civis e de rodovia e para concessão de financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), para capital de giro e investimento de empresas e microempreendedores individuais localizados nos municípios do Rio de Janeiro atingidos pela chuva.

Veículo: Jornal Valor Econômico.
Edição: 2688.
Editoria: Brasil.
Página: A3.