Não bastasse a crise no preço da saca de arroz e a dificuldade de venda, alguns produtores no Sul do Estado enfrentam também problemas de perdas na produção em razão dos alagamentos causados pelo excesso de chuvas em janeiro.
A boa notícia é que o ministro da Agricultura, Wagner Rossi, anunciou sexta-feira o primeiro socorro para os produtores de SC e do RS.
Integra o pacote de medidas para auxiliar os produtores dos dois estados a operação de Aquisição do Governo Federal (AGF) de 360 mil toneladas do grão, com recursos de R$ 211 milhões. A primeira parte da compra, de 100 mil toneladas, deverá ocorrer este mês.
O anúncio contrapõe com o levantamento inicial das Epagris da região de Criciúma e Araranguá, que estima que cerca de 5 mil hectares de arroz foram prejudicados pelas chuvas do mês passado. Esta quantidade equivale a pouco mais de 7% do total, que é de 70 mil hectares nas duas regiões.
– Houve perdas pontuais, como em áreas de Forquilhinha e Maracajá, onde algumas canchas de arroz ficaram por cerca de uma semana submersas em água poluída, o que ocasionou sérias perdas – observa Rene Kleveston, engenheiro agrônomo da Epagri de Araranguá.
O fator agravante destacado pelos rizicultores é que, além de defensivos agrícolas como venenos e adubos, na água da enchente também haviam resíduos de carvão – metais pesados – que estavam precipitados no fundo do Rio Sangão e foram retirados durante o processo de desassoreamento ocorrido no final de 2010.
O tempo que a água suja permaneceu nas plantações resultou em mau cheiro. O solo ainda está encharcado e uma das preocupações dos agricultores é se a terra poderá ser reaproveitada na próxima safra. O engenheiro agrônomo André Zandonadi, da prefeitura de Maracajá, acredita que o solo não foi prejudicado.
Rafael Réus, 24 anos, perdeu um hectare e meio dos cinco que cultiva na localidade de Garajuva, em Maracajá – um prejuízo que ultrapassa as 250 sacas. Suas plantas estavam em fase de produção de cachos e não podiam receber excesso de água.
– Perdi minhas três melhores canchas. Eram as mais produtivas em razão da terra mais gorda e da área baixa. Agora vou esperar as demais e ver o que rende. Não posso desanimar, vou caprichar até o fim para, quem sabe, compensar as perdas – afirma o produtor.
Veículo: Jornal Diário Catarinense.
Edição: 9074.
Editoria: Campo & Lavoura.
Página: 16.
Jornalista: Ana Paula Cardoso (ana.cardoso@diario.com.br).