O Brasil deve registrar este ano 500 mil novos casos de câncer, segundo estimativa do Instituto Nacional do Câncer (Inca). O dado indica um leve aumento em relação à previsão feita no ano passado pela entidade, de 489 mil casos.
A aceleração da ocorrência de casos da doença no país seria reflexo de uma tendência mundial, mas passou a ser registrada mais recentemente no Brasil devido ao envelhecimento da população e aos avanços no tratamento de doenças infecciosas, antigas causas mais frequentes de morte.
Segundo o Inca, os gastos do Ministério da Saúde com o atendimento de pacientes com câncer cresceu 20% entre 2000 e 2007, atingindo aproximadamente R$ 1,4 bilhão. São custos que cobrem a internação de 500 mil pacientes por ano, além de 235 mil sessões de quimioterapia e 100 mil de radioterapia por mês.
– Estamos diante de um cenário provocado por progressos que permitiram o envelhecimento da população, mas que também proporcionaram hábitos como a alimentação inadequada e a falta de atividades físicas – alertou o diretor-geral do Inca, Luiz Antonio Santini.
– Esta situação requer preocupações e ações específicas de toda a sociedade – completou
O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, anunciou que o novo governo pretende ampliar o acesso ao tratamento de câncer na rede pública e intensificar o controle de qualidade de exames preventivos, com o objetivo de impedir erros de diagnóstico.
Além do estabelecimento de convênios com a indústria farmacêutica para reduzir os preços de medicamentos, como alguns remédios indicados para o combate à leucemia, Padilha destacou que há um esforço para proporcionar a detecção precoce de alguns tipos da doença.
Para evitar diagnósticos falhos, o ministério pretende criar uma rede de monitoramento de 1,3 mil equipamentos usados para identificação do câncer de mama.
– Nós vamos criar um grande programa nacional de avaliação da qualidade dos exames de mamografia, para que as análises realizadas no Brasil tenham a qualidade necessária – afirmou Padilha.
Diagnósticos falhos preocupam
Em parceria com o Inca, o Ministério da Saúde também quer avaliar a qualidade de exames que detectam o câncer de colo uterino para ajudar municípios em que o índice de diagnósticos falhos chega a 50%, devido ao uso de equipamentos degradados ou material inadequado.
– Fazer exames de má qualidade ou má interpretação é pior que não fazer, pois desvia a atenção do médico e do paciente – avaliou Helvécio Magalhães, secretário de Atenção à Saúde do ministério.
O Inca e o Ministério da Saúde lançaram um alerta para a necessidade de prevenir outras doenças crônicas, como a diabete, doenças cardiovasculares e respiratórias. Ao lado do câncer, essas doenças consomem mais de 70% dos gastos e são responsáveis por 67% das mortes registradas no país. O governo brasileiro deve apresentar, em setembro, na Assembleia Geral da ONU, uma agenda estratégica de ações para reduzir o número de casos e o impacto do câncer e outras doenças crônicas no sistema público de saúde. O tema foi incluído na pauta do evento por decisão das Nações Unidas.
– Essa é uma grande oportunidade para se incluir as doenças crônicas não transmissíveis no centro da pauta de discussão de governantes – afirmou o ministro da Saúde, Alexandre Padilha.
Veículo: Jornal Diário Catarinense.
Edição: 9073.
Editoria: Geral.
Página: 40.