Reprise indesejada

BENEDITO NOVO – A cidade que ainda luta para se recuperar dos estragos provocados pela catástrofe de 2008 contabiliza novos prejuízos causados pela chuva que caiu ontem de madrugada. Das 22h de domingo às 6h de segunda-feira, choveu 120mm a média para o mês é 150mm , o que desalojou cinco famílias, derrubou pontilhões e barreiras. Sem ter recursos para recuperação, o prefeito em exercício e presidente da Defesa Civil, Harry Dallabrida, pretendia decretar calamidade pública hoje. Porém, orientado pela Defesa Civil Nacional, recuou e decidiu por decretar estado de emergência:

– Toda vez que começamos a colocar a cidade em ordem, dá uma chuva e acaba com tudo. Não temos folga. Esta foi de longe a pior chuvarada desde 2008.

Ontem, os custos para recuperação não haviam sido calculados, mas o prefeito estimava que o prejuízo ultrapassaria R$ 1 milhão – o resultado deve ser divulgado hoje. Semana passada, o município já tinha sofrido com uma forte chuva. Ontem, as localidades Ribeirão Prochnow, dos Russos, Rio Tigre, Rio Ferro e Santa Rosa ficaram isoladas. Para restabelecer os acessos, máquinas foram emprestadas de Timbó e Doutor Pedrinho. O Corpo de Bombeiros convocou bombeiros comunitários para reforçar a equipe.

Em Ribeirão Prochnow, a força da água derrubou um poste na Rua Pedro Maus. O maior problema, porém, é a reconstrução de pontilhões.

– A força da água levou vários pontilhões. Alguns até poderão ser recuperados, outros terão que ser refeitos, mas não sabemos como. Os moradores estão de um lado do ribeirão e nós, de outro. Se precisarem de socorro, vamos ter que arranjar um helicóptero – lamentou Dallabrida.

Moradores também contabilizam prejuízos

No Ribeirão Tigre, uma casa construída às margens do rio precisou ser desocupada porque a terra cedeu e as paredes começaram a rachar. O dono do imóvel retirou os pertences e foi para a casa de parentes. Outra residência foi atingida parcialmente por um deslizamento de terra. O barulho começou ainda de madrugada, conta Daniele Tomasoni, que mora no imóvel. A parte atingida ainda estava sendo construída e terá que ser demolida porque as paredes ficaram inclinadas. O prejuízo é estimado em R$ 30 mil.

Juraci Bünger, moradora na Rua Guilherme Doege, no Centro, teve o pátio da casa alagado. Ontem, ela e os familiares trabalhavam para limpar a lama. A água não chegou a entrar na casa, mas eles ergueram todos os móveis porque tinham medo que um novo temporal viesse.

– Em 2009, meu jogo de quarto foi para o lixo depois de uma enxurrada. Desta vez, eu me preveni. Os móveis só vão voltar para o chão quando eu tiver certeza que a chuva passou – afirmou Juraci. (colaborou Daniela Pereira)

O DECRETO

O estado de calamidade pública é estabelecido por decreto assinado pelo prefeito e reconhece quando o município não tem dinheiro para recuperar os danos causados por um desastre natural. O estado de emergênhcia serve para agilizar reparos urgentes, mas que serão pagos pelo poder público municipal

Veículo: Jornal de Santa Catarina.
Edição: 12141.
Editoria: Geral.
Página: 10.
Jornalista: Priscila Sell (priscila.sell@santa.com.br).