O formato de golfinho e o sorriso pintado na frente da embarcação Roaz 1 dão a impressão de fragilidade à primeira vista. O protótipo, que entrou na água pela primeira vez ontem, em Florianópolis, no entanto, é capaz de resistir a tempestades, fortes mudanças climáticas e, mesmo assim, coletar dados importantes que podem servir na prevenção de catástrofes naturais.
Estudos comprovaram que os fenômenos ocorridos nos últimos anos em Santa Catarina têm relações estreitas com o ambiente marinho, como o aumento da temperatura do oceano. Apesar de saber as razões, não há um banco de dados para ser analisado posteriormente.
Com o Roaz – nome inspirado no Golfinho Roaz-Corvineiro, mesma espécie da série de TV "Flipper" -, será possível armazenar informações e conflitá-las, para monitorar as alterações do mar em um determinado período.
O protótipo – embarcação feita de fibra e não-tripulada – ainda não apresenta a autonomia desejada. É guiado por controle remoto e só captura imagens e sons. Para criar o modelo, foram gastos cerca de R$ 30 mil. No final, com a instalação de todas as funções planejadas, o custo pode chegar perto de R$ 1 milhão. Além do apoio financeiro, é necessário um suporte tecnológico. Hardwares e softwares são importantes para realizar a captura de dados com precisão e criar a autonomia desejada, permitindo a navegação independente por toda a costa catarinense.
Ontem, ocorreu o primeiro teste oficial. A embarcação, criada pelo engenheiro civil Roberto Böell Vaz, foi colocada nas águas da Avenida Beira-mar Norte, na Capital, e respondeu bem aos comandos básicos. "A navegação foi um sucesso. O Roaz se comportou da maneira esperada. Foi possível manobrá-lo e tivemos o controle das funções durante todo o tempo", disse Böell Vaz.
Durante o ano, uma bateria de provas para testar outras funções já foi planejada e a próxima deve ser realizada em março. Na água, a equipe que hoje é composta por seis pessoas, se deu ao direito de brindar o sucesso do teste com champanhe, e até fazer o batismo oficial da embarcação. O barco também pode ser responsável por outras atividades, como monitoramento ambiental, relatório de balneabilidade, vigilância de áreas de preservação e no apoio às ações de busca e salvamento.
"Por não ter tripulação e não colocar ninguém em risco, auxiliar em operações nas quais seja difícil chegar ao local é uma ótima alternativa. No futuro, podemos enviá-lo até áreas afetadas por enchentes e dar a localização exata de vítimas, facilitando o salvamento", explica.
O projeto está entre as 200 ideias pré-selecionadas do Programa Sinapse da Inovação, criado pela Fundação de Apoio à Pesquisa Científica e Tecnológica do Estado de SC (Fapesc), que, entre outros benefícios, premia as melhores iniciativas com um auxílio de R$ 50 mil para tirar as criações do papel.
Veículo: Jornal A Notícia.
Editoria: AN Destaque.
Página: 4.
Jornalista: Pedro Santos.