SÃO PAULO – Um estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), divulgado ontem, conclui estatisticamente aquilo que os usuários do Sistema Único de Saúde (SUS) já reclamam há décadas: falta médico na rede pública e é longo demais o tempo de espera para atendimentos de urgência e para consulta médica. Em contrapartida, a pesquisa Sistema de Indicadores de Percepção Social aponta que, quando é atendido, o brasileiro avalia bem o serviço. Entre os entrevistados, 80,7% consideram o Programa de Saúde da Família bom ou muito bom.
Já 14% o veem como regular e 5,4%, ruim ou muito ruim. O Programa de Saúde da Família foi o serviço do SUS melhor avaliado em quatro das cindo regiões do Brasil – apenas no Centro-Oeste ficou em segundo lugar. A distribuição gratuita de remédios foi qualificada como boa ou muito boa por 69,6% e como ruim ou muito ruim por 11%, enquanto 19,4% avaliaram como regular.
Atendimento de urgência é considerado muito ruim
Por outro lado, o atendimento em postos de saúde e atendimento de urgência e emergência foram os serviços pior avaliados. O atendimento de urgência e emergência, inclusive, recebeu a maior proporção de respostas ruim ou muito ruim (31,4%), enquanto os centros de saúde tiveram 31,1% de avaliação ruim ou muito ruim.
– Os entrevistados avaliam bem os serviços relacionados a atendimentos em que o acesso é previamente agendado ou rotineiro, como as consultas marcadas com médicos especialistas, a distribuição gratuita de medicamentos e o atendimento da Saúde da Família. O problema parece ser o acesso ao atendimento, ou ao medicamento necessário, em um período de tempo considerado razoável – aponta a técnica de Planejamento e Pesquisa do Ipea, Luciana Mendes.
A pesquisa indica ainda que "avanços proporcionados pela criação e implantação do SUS estão sendo percebidos pelos entrevistados como valores sociais relevantes". A gratuidade da rede foi o ponto positivo mais citado (52,7%), seguido por atendimento sem nenhum preconceito (48%) e distribuição gratuita de medicamentos (32,8%).
AVALIAÇÃO |
A falta de médicos foi apontada como principal problema do SUS por quase 60% dos entrevistados que usaram ou acompanharam familiares para atendimento no sistema público de saúde nos 12 meses anteriores à pesquisa do Ipea. 35,9% dos usuários do SUS entrevistados acham que a demora no atendimento é o maior problema, contra 32,8% dos que não usaram o serviço público. Em Santa Catarina, o salário médio de um médico do SUS é de R$ 5 mil por 20 horas semanais. O salário recomendado pela Federação Nacional de Medicina é de R$ 8 mil |
Veículo: Jornal de Santa Catarina.
Edição: 12137.
Editoria: Geral.
Página: 16.