BLUMENAU – Você já pensou em ajudar a amenizar os problemas das enxurradas e, ainda por cima, economizar água? Motivado pelos estragos causados pelas enxurradas, um grupo de professores e alunos dos cursos de engenharias Química, Elétrica e Civil da Furb se reuniu para desenvolver um sistema para captar e reaproveitar a água da chuva e outro para armazená-la no terreno, chamado de vala de infiltração ou trincheira.
Segundo o professor de Engenharia Civil Ademar Cordero, os dois sistemas são totalmente viáveis e podem ser implantados em qualquer residência, pronta ou em construção. Na Furb, a edificação fica em um terreno de 100 metros quadrados. Para a captação e o reaproveitamento da água, o custo é de R$ 3 mil. O valor das valas de infiltração depende da quantidade de brita que será usada para enchê-las. O metro cúbico da pedra custa, em média, R$ 98 e enche um metro quadrado. Na casa-modelo foram usados cerca de 14 metros cúbicos de pedra, totalizando cerca de R$ 1,4 mil.
Os dois sistemas são capazes de armazenar 11 mil litros de água, o que corresponde a 100 milímetros (mm) de chuva. Nas enxurradas de fevereiro em Blumenau, por exemplo, não choveu mais que 60 mm. Se estiver vazio, o reservatório dará conta de absorver até 100 mm em um só dia. A água captada e armazenada em um tanque será usada no vaso sanitário, para lavar calçadas e molhar o jardim, pois não é potável.
Casa-modelo experimenta materiais sustentáveis
A água da trincheira será descartada, porém, de forma lenta e gradual, sem competir com a que já escorre pela rua. Parte desta água se infiltrará no solo até encontrar um manancial subterrâneo. A outra chegará às galerias pluviais somente após o excesso de chuva ter passado.
O ideal, para o professor Cordero, é que os interessados em instalar os sistemas de captação e contenção da água da chuva procurem a orientação de um engenheiro, especialmente para dimensionar o tamanho da vala e fazer as ligações de água.
Para o Secretário de Serviços Urbanos, Éder Marchi, o projeto merece atenção da iniciativa privada, pois é uma forma da comunidade ajudar a diminuir os impactos cada vez mais intensos da chuva. Ele afirma que a secretaria continuará limpando ruas e tubulações e o desassoreamento de ribeirões, mas reforça:
– Quanto mais gente puder cooperar, melhor.
Os dois sistemas foram implantados em uma casa-modelo no campus 2 da Furb. A casa também é fruto de um projeto para testar materiais ambientalmente corretos. As paredes foram feitas com placas cimentáveis de madeira mineralizada (fibras de pinos com um pouco de cimento) e o telhado com caixas tetra-pak. Também foram instalados painéis para captação de energia solar. Depois de pronta, a casa será usada como escritório ou laboratório. O projeto é financiado pela Financiadora de Estudos e Projetos.
Sistema de armazenamento e reaproveitamento de água da chuva (anexo).
Veículo: Jornal de Santa Catarina.
Edição: 12157
Editoria: Geral.
Página: 21.
Jornalista: Daniela Pereira (daniela.pereira@santa.com.br).