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No Presídio Regional de Blumenau, o desafio do detento vai muito além de aprender a viver sem a liberdade de ir e vir. Ele precisa aprender a compartilhar com 884 homens e mulheres celas superlotadas, projetadas para 472 pessoas, que se tornam menores a cada dia com o aumento da população carcerária. As projeções são alarmantes. Até 5 de maio, o número de detentos pode chegar a mil no município, se a média de entradas e saídas de presos se mantiver. De acordo com o diretor da unidade, Jairo dos Santos, em média chegam quatro pessoas e saem duas diariamente. A superlotação, explica ele, eleva o número de escoltas, os atendimentos médicos e sobrecarrega os agentes, que já são poucos.

– A sociedade pode ter certeza que se chegarmos a mil, o Estado abandonou de vez a preocupação com o Presídio Regional de Blumenau. A nossa comunidade é a mais prejudicada, pois vive em meio a um barril de pólvora – afirma o juiz-corregedor Edson Marcos de Mendonça.

Sob risco constante de rebelião, 17 dos 32 agentes penitenciários já pediram formalmente para sair da unidade. O crescimento populacional carcerário também preocupa o subcomandante do 10º Batalhão da Polícia Militar de Blumenau, major Mário Sidnei Rossi. Ele teme que, se os presos chegarem a mil, haverá nova interdição:

– Isso traria um problema imenso para a sociedade, já que faríamos as prisões e os envolvidos não poderiam ser levados ao presídio.

Na tentativa de amenizar a situação, o diretor do Presídio Regional de Blumenau adotou duas medidas: individualização das penas e contrato com empresas para o trabalho dentro da unidade. Por meio da individualização, os detentos que cometeram crimes semelhantes ficam nas mesmas celas. Há três meses no cargo, Santos decidiu fazer isso para evitar que criminosos de diferentes áreas se unissem. O alento está na inauguração da Penitenciária do Vale do Itajaí, prevista para abril, para onde poderiam ir parte dos 514 condenados que hoje estão no presídio da Rua General Osório, calcula o juiz-corregedor.

– Os problemas existentes nas unidades prisionais ocorrem há 10 anos. Não tenho uma varinha mágica para fazer todas as melhorias rapidamente, mas vamos nos empenhar para mudar o panorama atual – diz a deputada Ada de Luca, que assumirá o comando da Secretaria de Justiça e Cidadania assim que a Assembleia Legislativa aprovar o projeto que desvincula a pasta da Secretaria de Segurança Pública.

A secretaria que será comandada por Ada cuidará exclusivamente do sistema prisional. A deputada adianta que já mapeou seis pontos críticos do Estado, mas não quis comentar se Blumenau está na lista de prioridades.

Presídios da região (anexo)

Veículo: Jornal de Santa Catarina.
Edição: 12162.
Editoria: Segurança.
Página: 15.
Jornalista: Ânderson Silva (anderson.silva@santa.com.br).