Uma cidade sob ameaça constante

A fila em frente à agência bancária, as ruas limpas e o comércio aberto anunciavam, ontem, a volta à rotina em Rio dos Cedros. A cena não lembrava em nada o que se viu sexta-feira, quando o Centro ficou inundado com a chuvarada que fez o rio chegar a 7,27 metros – transborda a 5,98 metros. Entretanto, o clima de tranquilidade está ameaçado por um histórico recente: em dois anos, os 10,3 mil habitantes conviveram com seis enchentes e três ameaças de inundação. Em média, é uma cheia a cada dois meses e meio.

A situação ficou mais grave com a catástrofe de 2008. O prefeito, Fernando Tomaselli, aponta que a solução planejada é o desassoreamento do rio, tornando-o mais fundo:

– Se conseguirmos ganhar 10 centímetros, os prejuízos já serão menores a cada enchente.

Há um projeto no Ministério de Integração Nacional, orçado em R$ 2 milhões, ainda não avaliado.

– Ele está há um ano e meio lá e não recebemos resposta. Sábado, pedimos à Defesa Civil Estadual para que ajude a acelerar o andamento – conta Tomaselli, que ontem revogou o decreto de calamidade pública assinado sexta-feira.

Por orientação do Estado, Rio dos Cedros voltou à situação de emergência decretada em janeiro. A calamidade foi descartada porque os serviços emergenciais não pararam.

Medidas preventivas também estão em implantação. Em parceria com a Universidade Federal de Santa Catarina, três estações meteorológicas já foram instaladas e a intenção é colocar pelo menos mais duas próximo às barragens, para agilizar o alerta de cheias.

Apesar dos constantes alagamentos, a prefeitura considera mais graves as quedas de barreiras. Nos 650 quilômetros de estradas de terra, foram 150 desde sexta-feira. Para liberar os acessos, o custo está estimado em R$ 300 mil.

Veículo: Jornal de Santa Catarina.
Edição: 12165.
Editoria: Geral.
Página: 11.
Jornalista: Priscila Sell (priscila.sell@santa.com.br).