Um estudo técnico inédito sobre a atual situação da BR-470, que corta o Vale do Itajaí, vai ser apresentado amanhã na Fiesc durante encontro entre os empresários e os parlamentares catarinenses. Realizado pelo engenheiro Ricardo Saporiti, que também levantou os dados sobre as obras de duplicação da BR-101 Sul e da realidade do trecho Norte, o levantamento conta com o apoio do Crea, contém algumas revelações e traz uma nova proposta para que a duplicação seja agilizada. O estudo foi contratado pela Fiesc a pedido dos empresários do Vale do Itajaí. Há mais de dez anos eles se mobilizam com as principais entidades civis e a população em torno dessa duplicação.
O trecho mais caótico da BR-470 está entre Blumenau e Indaial. Este percurso, segundo Saporiti, já tem projeto de engenharia de duplicação concluído. Poderia ser atacado de imediato, mediante delegação do governo federal ao Deinfra de SC. O projeto final de engenharia foi executado pelo antigo DER. Com pequenas adequações de passagens de nível e novos viadutos, atenderia as necessidades da região.
Há, de acordo com o levantamento, quatro estudos sobre a 470: 1. Execução pelo Dnit de projeto básico e executivo de engenharia para o trecho entre Navegantes e Indaial. 2. Estudo de tráfego, jurídico e econômico da terceira etapa das concessões de rodovias federais e parcerias público-privadas. 3. Projeto da Fetrancesc propondo um novo traçado, ligando Pouso Redondo a Gaspar e daí bifurcando para Itajaí e São Francisco do Sul, com execução em parceria público-privada. 4. Projeto de engenharia executado pelo antigo DER, já com aprovação preliminar dos órgãos ambientais, no trajeto crucial entre Indaial e Blumenau. Tem 26,9 km de extensão. A segunda etapa, entre Blumenau e a BR-101, está em estudos pelo Dnit. A licitação do projeto está prevista para o segundo semestre de 2012. Percurso com 22,8 km. E a terceira fase, entre Rio do Sul e Blumenau, não tem nem projetos executivos contratados.
Prioridade
O documento elaborado pelo engenheiro Ricardo Saporiti faz estimativas de investimentos. Seriam necessários R$ 539 milhões para a execução do trecho entre Blumenau e Indaial e outros R$ 191 milhões para o trajeto Blumenau-BR-101, totalizando R$ 730 milhões. Quebrada em vários percursos como está, a duplicação da BR-470 continuará sendo "sonho de uma noite de verão". Pela dramaticidade do dilema rodoviário no Vale do Itajaí, pelo cenário caótico em que se encontra o trecho entre Indaial e Blumenau, pelo significado econômico da estrada – vital para o escoamento da produção do Oeste e da Serra – e, sobretudo, pelo que significa em termos de preservação de vidas humanas, a proposta de delegação ao governo do Estado do trecho com projeto de engenharia concluído parece razoável.
Considerando que o percurso atual, de pista simples, entre Blumenau e a BR-101 foi executado pelo mesmo DER, atual Deinfra, por delegação do Dnit, a sugestão de ataque imediato ao percurso Indaial-Blumenau, também tem fundamento. Ao apresentar amanhã todos os dados técnicos, levantamento fotográfico, estudos de engenharia e os projetos detalhados aos senadores, deputados federais e estaduais, a Fiesc pretende iniciar um debate sobre as alternativas colocadas. Afinal, trata-se de decisão política relevante e de alto alcance social e econômico a envolver os governos federal e estadual.
O que poucos sabiam – talvez ninguém – em Santa Catarina é que a duplicação estava tão distante. Previsão de licitação das obras do trecho Blumenau-Navegantes só no segundo trimestre de 2012? Deixou de ser embromação. Virou deboche!
Veículo: Jornal de Santa Catarina.
Edição: 12148.
Editoria: Política.
Coluna: Moacir Pereira (moacir.pereira@gruporbs.com.br).
Página: 6.