Em 10 dias, quatro alagamentos

BLUMENAU – De bermuda, camiseta e tênis, Waldemar Roberto Nicolodelli observava a Rua João Nuss, no Bairro Testo Salto, onde mora. Vendedor autônomo, ele deveria ter passado o dia em Balneário Camboriú, mas não pôde trabalhar. Morador da penúltima casa da rua, não conseguiu tirar o carro da garagem porque parte da estrada de terra ficou alagada depois do temporal de terça-feira à noite, quando caíram cerca de 40 mm de chuva. A casa dele não chegou a ser alagada, mas a dos vizinhos, sim. E a situação é recorrente. Segundo ele, nos últimos 10 dias, a rua foi inundada pelo menos quatro vezes.

– É sempre assim. Quando chove, enche tudo de água e ficamos ilhados. Às vezes nem chove aqui, mas chove em Pomerode e aí a água começa a subir. Demora o dia inteiro para a água baixar. Sou autônomo e ficar um dia sem trabalhar é prejuízo – desabafa Nicolodelli.

Constant Viadek, morador em uma área mais baixa, levou parte dos móveis para a casa de vizinhos. O resto ele levantou. Para ajudar quem precisava sair de casa, ele colocou uma canoa à disposição dos vizinhos. Mesmo com o problema dos alagamentos, Viadek não pensa em se mudar:

– O lugar é muito bom, a vizinhança é boa. Penso em construir um segundo andar para acabar com o medo a cada chuva – diz.

– Também não quero sair daqui. É um paraíso, tranquilo. O problema é quando chove. Acho que a prefeitura podia fazer alguma coisa para melhorar a rua e evitar os alagamentos – afirma Nicolodelli.

Éder Marchi, secretário de Serviços Urbanos, explica que os alagamentos ocorrem porque a rua está em nível muito baixo em relação ao Rio do Testo. Assim, quando chove bastante e o rio enche, ela alaga. A solução seria aterrar a via, mas aí vem outro problema. As casas que ficam às margens da rua ficarão abaixo do nível da via e continuarão a ser alagadas.

– Propusemos para eles fazermos o aterro, mas alguns moradores não aceitaram. Se todos nos derem uma autorização por escrito, o serviço vai ser feito – justifica.

Mais cidades do Vale e Litoral enfrentam dificuldades

Em Gaspar, os bairros Gaspar Alto e Belchior foram os mais atingidos pela chuva desta terça-feira. No Belchior Central, algumas casas chegaram a ficar alagadas. Duas pontes foram destruídas, uma no Gaspar Alto e outra no Belchior Central. Outra ponte, na Rua Nova Iguaçu, no Belchior Alto, teve a cabeceira danificada e ficou parcialmente interditada. Até ontem, somente carros podiam usá-la. Durante o dia, operários trabalharam para normalizar a situação.

Em Indaial, a chuva provocou alagamentos no Bairro Araponguinhas. Uma escola e cinco casas foram inundadas porque o ribeirão da localidade transbordou. Não foram registrados outros problemas.

Em Porto Belo, três famílias precisaram sair de casa ontem, devido ao risco de desmoronamento de terra e rochas de um morro. Dois casos ocorreram no Bairro Araçá e outro no Centro. De acordo com a Defesa Civil do município, hoje um geólogo fará a análise do solo do local. Só depois do laudo é que será definido se mais famílias terão de deixar as casas.

PREPARE O GUARDA-CHUVA

A chuva marca presença nesta quinta e sexta-feira, especialmente na madrugada e a partir da tarde. Há possibilidade de raios em todo o Estado. Permanece também o risco de temporal isolado na região. A temperatura segue elevada com a sensação de ar abafado.

Veículo: Jornal de Santa Catarina.
Edição: 12149.
Editoria: Geral.
Página: 19.