A porta de madeira está entreaberta na casa 188, da João Vieira de Campos, rua tomada por 1,60 metro das águas do Rio do Testo no início de março, em Pomerode. A entrada livre, no entanto, não é símbolo da receptividade, mas do abandono dos moradores que se alojaram na casa de parentes. Decisão similar tomaram outras três famílias da rua, que viviam de aluguel e perderam os móveis na enxurrada da noite de 10 de março. Na frente das casas vazias, ainda permanecem manchados de lama sofás, guarda-roupa, cadeiras e aparelhos eletrônicos danificados pela água. No total, oito famílias permanecem desalojadas.
Nas ruas já limpas do Centro de Pomerode não há resquícios da enxurrada, exceto pelas fissuras, acentuadas pelas chuvas dos últimos dias, no asfalto e nas pontes. Foram danificadas 32 pontes, quatro delas destruídas e ainda sem reparos, como a do Ribeirão Wunderwald e a da Rua Erwin Krueger, cujas cabeceiras cederam. A prefeitura recebeu R$ 150 mil da Defesa Civil do Estado e R$ 80 mil da Câmara de Vereadores para aplicar em maquinário, limpeza e na recuperação parcial das estradas rurais e tubulações. Mas a recuperação definitiva da infraestrutura custará R$ 7 milhões ao município, que permanecerá em estado de emergência por mais dois meses.
A mesma enxurrada destruiu três pontes de concreto e outras sete de madeira na Vila Itoupava, em Blumenau. A chuva alagou 50 ruas e danificou 430 residências do distrito. Sete pontilhões de madeira foram consertados, além da tubulação e dos calçamentos. Segundo o secretário de Obras, Alexandre Brollo, a reconstrução das pontes de concreto das ruas Braço do Sul, Franz Danker e Gustavo Ruediger ainda não tem previsão para começar. As obras dependem da liberação de R$ 2,5 milhões do governo do Estado.
RECUPERAÇÃO |
Luís Alves |
– O município já recuperou mais da metade da infraestrutura danificada pelas chuvas de janeiro e fevereiro, que atingiram áreas distintas do município |
– Em janeiro, a enxurrada alcançou 4 mil moradores da região Sul, divididos entre as localidades de Braço Elsa, Braço Cunha, Baixo Canoas, Vila do Salto, Braço Miguel e Baixo Máximo |
– Já em fevereiro, a chuva ficou concentrada no Norte e no Centro de Luís Alves |
– Na área rural, 15 acessos que estavam bloqueados por barreiras foram reparados |
– No Braço da Cunha, uma ponte de 15 metros de extensão foi destruída e substituída por uma estrutura provisória, que suporta apenas 10 toneladas, quando o necessário são 40, devido ao trânsito intenso de caminhões que carregam banana e madeira |
– No total, duas pontes das seis destruídas foram reparadas |
– Segundo o coordenador da Defesa Civil, Reinvald Tiedt, o prejuízo alcança R$ 7 milhões. O município ainda aguarda retorno da Defesa Civil Federal para obter recursos |
Rio dos Cedros |
– Ainda existem barreiras nas estradas rurais decorrentes das chuvas de janeiro e março |
– A Defesa Civil do Estado disponibilizou R$ 50 mil para limpeza pública e recuperação emergencial |
– As cabeceiras danificadas das pontes de concreto e pontilhões de madeira arrancados pelas águas já foram reparados |
– Três áreas das localidades de Rio Mergulhão e Barra do Avencal estão com o acesso comprometido. O transporte escolar precisa seguir por um desvio. Entre os mais prejudicados está Rio Joana, que sofreu quatro enxurradas este ano. Pontilhões foram arrastados e a passagem é feita somente a pé |
– Conforme o prefeito Fernando Tomaselli, o prejuízo causado aos 700 quilômetros de estradas de chão chegam a R$ 400 mil |
– Esta foi a sexta enchente em dois anos. Projetos para o desassoreamento do rio que dá nome à cidade foram encaminhados a Brasília. Esta seria uma alternativa para solução do problema |
– O município seguirá em estado de emergência por mais dois meses |
Veículo: Jornal de Santa Catarina.
Edição: 12188.
Editoria: Geral.
Página: 10.
Jornalista: Cristian Weiss (cristian.weiss@santa.com.br).