O Conselho Nacional de Educação (CNE) apresentará amanhã ao ministro da Educação, Fernando Haddad, parecer para tornar mais flexíveis as orientações curriculares do ensino médio brasileiro, ciclo educacional que concentra os piores indicadores de qualidade da educação básica no país. O professor Francisco Aparecido Cordão, conselheiro do CNE, explica que o documento permitirá que cada escola ou rede – municipal ou estadual – construa o próprio currículo, com ênfase no mercado de trabalho e em conteúdos de ciência, tecnologia ou cultura.
Segundo Cordão, o CNE estuda o tema desde 2008 com base nas experiências do programa do Ministério da Educação (MEC) Ensino Médio Inovador (EMI), que injeta recursos federais em escolas públicas com projetos de inovação curricular. "Percebemos que na hora que a escola proporciona um trabalho pedagógico realmente interdisciplinar, integrado com a realidade dos alunos, os resultados aparecem." Cordão acrescenta que o parecer foi aprovado por unanimidade pelos 27 secretários estaduais de Educação do país em reunião na semana passada. "Encaminharemos, agora, para homologação do ministro. Assim que ele assinar, a medida já estará valendo."
Na avaliação do CNE, a reformulação curricular do ensino médio forçará o MEC a reforçar suas ações. Segundo a pasta, o EMI repassou mais de R$ 30 milhões a 357 escolas previamente selecionadas em 18 Estados, totalizando 296 mil matrículas.
A Escola Sesc de Ensino Médio, em Jacarepaguá, no Rio, aderiu ao EMI no final de 2009. A principal alteração do curso foi a mistura das matérias tradicionais com atividades extracurriculares e de capacitação profissional. Do total de alunos da primeira turma (2010), 90% passou no vestibular – 78% dos quais em universidades públicas. A unidade é o primeiro modelo de escola-residente do Sesc e atende alunos em tempo integral.
"Numa viagem para Ouro Preto, os alunos trataram da perspectiva histórica do país, também trabalharam a questão geológica e o turismo na região, focando o inglês. O currículo do EMI é referência porque o atual aprisiona. Aqui tentamos adaptar o conteúdo acadêmico à realidade dos alunos", ilustra Rosângela Logatto, assessora técnica da direção da Escola Sesc.
Veículo: Jornal Valor Econômico.
Edição: 2729.
Editoria: Brasil.
Página: A6.
Jornalista: Luciano Máximo, de São Paulo.