Quatro horas após o Planalto anunciar a implantação de um campus da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) em Blumenau, uma comitiva catarinense garantiu ontem aval do governo para discutir o uso da Furb como embrião. Um esboço da parceria será entregue ao Ministério da Educação (MEC) em 30 dias.
Em vez de federalizar a instituição, como desejavam as autoridades catarinenses, o governo admite adotar a estrutura e os servidores da universidade municipal para deflagrar o novo braço da UFSC. Segundo interlocutores do Planalto, a presidente Dilma Rousseff tem rechaçado a hipótese da federalização para evitar uma corrida de estabelecimentos de ensino falidos a Brasília.
Ao final do encontro de uma hora e meia com o secretário nacional de Ensino Superior, Luiz Claudio Costa, o prefeito de Blumenau, João Paulo Kleinübing, demonstrou otimismo, porém, ponderou sobre os riscos.
– O governo aceita que a expansão da UFSC nasça da Furb, mas ainda há vários passos a serem dados – enfatizou.
Nas próximas quatro semanas, técnicos da prefeitura, da Furb e da UFSC irão se debruçar sobre os obstáculos da incorporação. Um dos complicadores é a situação dos servidores e professores, que não podem ser absorvidos pela União. Uma das possibilidades avaliadas é a prefeitura ceder temporariamente os profissionais para a universidade federal, até que sejam realizados concursos para preencher os quadros do campus.
Na conversa preliminar de ontem, agendada pela ministra das Relações Institucionais, Ideli Salvatti, o MEC advertiu que, caso se concretize a operação, se recusa a assumir qualquer passivo da Furb. Para não melindrar o Planalto, Kleinübing garantiu que a prefeitura arcará com eventuais débitos. De acordo com o reitor da Furb, João Natel, a universidade teria somente dívidas em dia com o BNDES e com o Badesc.
– Se tudo der certo, poderemos ter alunos da Furb estudando na federal já no segundo semestre do ano que vem – afirmou o reitor da UFSC, Alvaro Prata.
– A porta está aberta para desenvolvermos um modelo que envolva uma parceria, resgatando as premissas deste movimento histórico de uma universidade federal na região e que dialogue com a Furb no que se refere aos estudantes, patrimônio, aos professores e técnicos administrativos – acrescentou Clóvis Reis, coordenador do Comitê Pró-federalização.
SC também receberá mais três unidades de escolas técnicas
Com o sinal verde do MEC, a comitiva blumenauense que continua em Brasília irá ao Planalto hoje de manhã para pressionar Ideli Salvatti. O grupo quer que a ministra coloque o pleito catarinense sobre a mesa de Dilma, na medida em que a palavra final sobre a incorporação caberá à presidente.
No evento em que confirmou o campus de Blumenau, de manhã, Dilma também anunciou a abertura de outros 46 campi universitários e 208 novas unidades dos institutos federais de educação, ciência e tecnologia. SC receberá três destas escolas técnicas, nos municípios de Brusque, São Bento do Sul e Tubarão. Já os Estados do Pará, do Ceará e da Bahia serão contemplados com quatro novas universidades federais.
Veículo: Jornal de Santa Catarina.
Edição: 12298.
Editoria: Política.
Página: 4.
Jornalista: Fabiano Costa (fabiano.costa@gruporbs.com.br).