Se o trecho de 200 quilômetros da BR-470 entre Navegantes e Pouso Redondo mantiver a média de violência no trânsito, a rodovia chegará a 141 mortes até o final deste ano – a maior frequência da década. Em 2011, a centésima vítima fatal chegou mais cedo: ontem, Carlos Volni da Silva, 51 anos, e Olímpia da Silva, 49, não resistiram a um acidente às 8h30min, em Trombudo Central. Com eles, são seis as mortes em cinco dias no trecho. Sábado, três adolescentes e uma professora de Nova Erechim, no Oeste, morreram em Gaspar. As 100 mortes normalmente são atingidas apenas entre novembro e dezembro.
A evolução no número de mortos na BR-470 evidencia a necessidade de duplicação. Das 100 vítimas deste ano, 50 se envolveram em acidentes nos 74 quilômetros em que estão previstas as obras. Para este mês, o Dnit promete entregar o estudo executivo que vai detalhar o trabalho que deve começar em 2012.
– Me choco ao saber de cada morte na BR-470. Desejo que um dia possamos transitar na rodovia com segurança – lamenta o presidente da Associação Empresarial de Blumenau (Acib), Ronaldo Baumgarten Júnior.
Ele garante que a Acib vai continuar tendo a duplicação entre as principais bandeiras. O presidente da Câmara dos Dirigentes Lojistas de Blumenau, Paulo Cesar Lopes, argumenta que os números demonstram descaso do governo federal com o Vale do Itajaí:
– Até quando vamos suportar isso? Até quando vamos ver pessoas morrendo e ficar esperando a boa vontade do governo federal?
Milton Hobus, prefeito de Rio do Sul, onde ocorreram 14 mortes em 2011, não poupou críticas:
– O governo precisa é tomar vergonha na cara, encarar que é uma rodovia crítica e fazer os investimentos necessários. Não precisa muito dinheiro, e sim mais vontade política.
Na opinião do inspetor-chefe da Polícia Rodoviária Federal em Rio do Sul, Manoel Fernandes, as melhorias feitas na rodovia pelo Dnit no ano passado, com recapeamento e implantação de acostamento, fizeram com que a imprudência aumentasse.
– O motorista pensa que, com as melhorias, pode fazer ultrapassagem forçada e acelerar ainda mais
Ele também aponta o aumento de veículos na BR-470 como uma das causas de crescimento das mortes. (Colaborou Raquel Vieira)
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No outro lado do Rio Itajaí-Açu, a SC-470, também conhecida como Jorge Lacerda, chegará amanhã à marca de 300 dias sem uma morte sequer. O trecho de 40 quilômetros, apesar de absorver o fluxo da área urbana de Blumenau, Gaspar, Ilhota e parte de Itajaí, teve o último acidente com vítima em 14 de novembro de 2010.
Para atingir este número, a rodovia conta com aliados: o trabalho intenso de fiscalização da Polícia Militar Rodoviária (PMRv), o trânsito mais lento do que o da rodovia federal, a boa iluminação do trecho e a educação de motoristas, moradores e funcionários de empresas às margens da SC-470, que passam por reciclagem periódica, favorecem a paz na estrada estadual.
Com um fluxo médio que varia entre 15 e 20 mil veículos por dia, principalmente entre os Kms 0 e 2, em Itajaí, o comandante do posto de Gaspar da PMRv, sargento Ismael da Silva Amaral, aposta em radares móveis e carros à paisana diariamente para combater o excesso de velocidade e a imprudência na SC-470.
– Os motoristas que passam ali e sabem que fazemos uma fiscalização intensa têm diminuído a velocidade. Ainda registramos colisões, mas são de pequeno grau de gravidade – garante o responsável pela rodovia.
Outro trabalho desenvolvido pela PMRv é o de educação no trânsito. De acordo com o sargento, as empresas e escolas da região recebem palestras periódicas dos policiais rodoviários.
Condições de manutenção favorecem segurança na SC
Para o professor e engenheiro de tráfego da Universidade Regional de Blumenau (Furb), José Nuno Wendt, as condições de manutenção da SC-470 contribuem para atingir um período tão longo sem mortes. Por ter um traçado que passa por áreas urbanas e controladores de velocidade, segundo Wendt, a estrada tem uma característica diferente da vizinha BR-470.
– Até mesmo as filas, que os motoristas reclamam muito, são positivas para dar segurança a quem trafega pelo local. O fluxo fica mais lento.
Veículo: Jornal de Santa Catarina.
Edição: 12317.
Editoria: Geral.
Página: 12.
Jornalista: Anderson Silva (anderson.silva@santa.com.br).