Tirar o lodo com o rodo, jogar água e sabão. Limpar e tocar a vida, com a solidariedade de vizinhos e até mesmo estranhos, depois de sobreviver a mais uma enchente foi o procedimento padrão nas cidades do Médio Vale do Itajaí no final de semana. Em Brusque, no entanto, a limpeza veio acompanhada da necessidade de economizar. Moradores foram orientados a utilizar a água apenas para higiene e alimentação.
Um deslizamento da margem do Rio Itajaí-Açu, na Rua General Osório, no Bairro Guarani, atingiu uma adutora e as tubulações ficaram danificadas, o que comprometeu a distribuição de água para o município. O presidente do Samae de Brusque, Evandro de Farias Farinha, explica que apenas 40% da capacidade normal estava funcionando. Ontem, os bairros Guarani e Rio Branco estavam completamente sem água. Enquanto isso, nos bairros restantes, a vazão estava mais fraca do que o comum.
Temendo que faltasse água para beber, o coordenador da Defesa Civil de Brusque, Eliseu Müller Jr, apelou para o governo do Estado e conseguiu 10 mil litros de água que foram distribuídos para a população.
Em Brusque, 56 mil pessoas foram atingidas diretamente pela enchente, o que representa 60% da cidade. Ontem, 130 permaneciam nos três abrigos, o restante havia voltado para casa.
A Defesa Civil montou postos de distribuição de comida, água e produtos de higiene e limpeza para a população. O principal ponto de recebimento de doações fica no pavilhão da Fenarreco, com acesso pela Avenida Beira-Rio.
Cinco mil residências foram tomadas pela água
Em Timbó, o final de semana também foi de reconstrução. Quase toda a cidade teve o abastecimento de água normalizado no sábado. Amigos e parentes se uniram para limpar e tirar o que foi destruído pela cheia dos rios dos Cedros e Benedito Novo.
A cena mais comum foi de pessoas com vassouras e rodos nas mãos para tirar o lodo. Sai a água suja e fica a lama. Patrolas e caminhões da prefeitura dividiram espaço com as pessoas nas ruas para recolher os móveis que, agora, viraram entulhos.
O coordenador da Defesa Civil de Timbó, Osvaldo Roberto Brodwolf foi uma das vítimas da enchente. A própria casa, localizada na Rua Cuiabá, no Bairro das Capitais, foi tomada pela água:
– Timbó sofreu muito, não esperávamos tanto. Eu mesmo perdi 70% do que tinha em casa, mas não quero pensar nisso agora. Tem gente que perdeu tudo e precisa mais de ajuda do que eu – conta Brodwolf.
Foram 5 mil residências tomadas pela água. Força e a união foram tão grandes que, no domingo, não existia mais nenhum desabrigado. Quem não conseguiu entrar em casa foi ajudar no vizinho ou no parente à espera da água baixar. Cinco ou seis residências permanecem em situação de risco e vão receber a visita da Defesa Civil nos próximos dias.
Veículo: Jornal de Santa Catarina.
Edição: 12320.
Editoria: Geral.
Página: 11.
Jornalista: Raquel Vieira (raquel.vieira@santa.com.br).