Embora o Itajaí-Açu tenha começado a baixar quatro horas após atingir o pico, segunda-feira, a chuva não cessara em Blumenau. Quarta-feira, as ruas estavam livres da água, mas o sol só reapareceu sete dias após a segunda maior enchente da história do Vale. As ruas enlameadas foram tomadas pelo vaivém dos moradores que se ajudavam na reconstrução. O cheiro de lodo tomava o ar.
A relojoaria de Paul Husadel, na Rua XV de Novembro, também sucumbiu às águas. A construção foi invadida por 2,10 metros de água. A casa foi uma das mais fotografadas na época da enchente.
– Ele perdeu relógios importados da Alemanha, ferramentas de alta precisão, cristais e porcelanas. Peças caríssimas que levaram tempo para serem repostas – conta Ernesto José Lucchesi, dono do imóvel desde 1995.
A enchente de 1911 permaneceu no imaginário das pessoas. O agricultor Arnoldo Schiphorst Senior, aos 60 anos, vivia na região onde hoje é o Bairro Progresso. Não teve a casa atingida, mas ajudou as vítimas da cheia. A destruição nunca saiu da mente dele.
– Toda vez que passava uma chuva forte, ele dizia: "Ainda não foi outra cheia como aquela. Quero só ver, se der uma daquelas de novo, como a cidade vai reagir" – recorda a neta Eldrites Zendron Sutter.
Veículo: Jornal de Santa Catarina.
Edição: 12337.
Editoria: Geral.
Página: 16.
Jornalista: Cristian Weiss (cristian.weiss@santa.com.br).