Burocracia da reconstrução

A chuva que alagou o Vale do Itajaí e os recursos para ajudar os atingidos têm ritmos inversos. Enquanto a primeira vem rápido e em quantidade, o dinheiro para reconstrução chega a conta-gotas aos municípios em situação de calamidade e emergência. A sinalização das verbas veio praticamente um mês após a enchente. Um pacote de R$ 100 milhões foi anunciado quinta-feira passada para ajudar os municípios, mas não tem data para chegar aos cofres das cidades atingidas. Na maior parte dos casos, os municípios esperam definições do Ministério da Integração Nacional. As linhas de financiamento de ajuda aos empresários dos bancos públicos também não têm data para serem liberadas. Na véspera das Festas de Outubro, o Santa publica um levantamento das verbas prometidas e a situação de cada uma (veja tabela) para que não caiam no esquecimento.

Rio do Sul viveu em setembro uma das piores enchentes da história, somando perdas de R$ 283 milhões, 8 mil casas afetadas e 35 famílias ainda em abrigos. Números volumosos mesmo só os dos prejuízos. Até agora, a cidade recebeu R$ 4,7 milhões, sendo que R$ 1,5 milhão veio do Ministério da Integração e foi usado na limpeza das ruas e atendimento às vítimas da enchente. Para a manutenção de escolas, ginásio, fundação cultural e a recuperação de uma estrada foram liberados R$ 3,2 milhões ontem pelo governo do Estado.

O prefeito de Rio do Sul, Milton Hobus, diz que não vai mais esperar e tentará continuar a recuperação do município. Ele reclama da falta de definição de quanto cada cidade receberá e quando. A burocracia e a falta de agilidade são os principais entraves para a liberação das verbas.

– É uma angústia grande estar de mãos atadas. Tenho que fazer minha parte. Assumi o compromisso com a população de deixar a cidade bonita. Vou incomodar todo mundo que nos prometeu verbas – avisa Hobus.

A Secretaria do Estado de Defesa Civil informou, por meio da assessoria de imprensa, que foram distribuídos entre os 72 municípios que decretaram emergência ou calamidade recursos para compra de alimentos, produtos de higiene e de necessidade básica. Essas cidades também receberam R$ 18 milhões para limpeza quando as águas baixaram. A assessoria explicou que a fase seguinte, de reconstrução, exige documentos e planos de trabalho a serem apresentados ao Ministério da Integração, o que ocasiona a lentidão.

Veículo: Jornal de Santa Catarina.
Edição: 12340.
Editoria: Política.
Página: 4.
Jornalistas: Daniela Matthes e Giovana Pietrzacka (daniela.matthes@santa.com.br / giovana@santa.com.br).