BLUMENAU – O crescimento natural da cidade, com o surgimento de novas construções e aterros, e modificações no Rio Itajaí-Açu, como o alargamento da calha entre Blumenau e Gaspar, foram alguns dos fatores que motivaram a revisão de cotas de enchente. O trabalho, que começa a ser feito quarta-feira por quatro estagiários de Engenharia Civil da Furb, também levou em conta a defasagem dos dados, apontada na enchente de setembro. Na Rua Coronel Feddersen, no Bairro Itoupava Seca, a água atingiu as casas com o rio em 9,50 metros, no entanto, a cota oficial previa alagamentos a partir do momento que o Itajaí-Açu atingisse 11,10 metros.
O projeto de revisão das informações ainda precisa ser assinado pela prefeitura e pela Furb, o que deve ocorrer nesta semana. A partir da data de assinatura, serão treinados mais oito estudantes. No entanto, mesmo sem o contrato, a coleta de dados começa depois de amanhã pelas ruas Antônio da Veiga e Max Hering, no Bairro Victor Konder.
De acordo com o engenheiro hidrólogo do Centro de Operações do Sistema de Alerta (Ceops) e coordenador técnico do projeto, professor Ademar Cordero, nestes locais serão mapeados aproximadamente 20 pontos. No total, os cerca de 500 locais que vão compor o levantamento serão esquinas, pontos elevados e baixos entre os cruzamentos.
– Em cada local, os estagiários precisam confirmar a marca três vezes. Por isso, é interessante que os moradores colaborem, mostrem o local até onde a água chegou. Para aqueles que quiserem lavar ou pintar a residência, o ideal é que façam uma marquinha no ponto máximo da enchente – explica Cordero.
O projeto será dividido em três etapas: Cota-Enchente, Carta-Enchente e Roteamento-Enchente. A primeira, que consiste em mapear cotas de inundações até 17 metros, começará imediatamente e antes do fim do ano estará pronta até a cota de 12,80 metros. O restante desta primeira fase será feito no início do próximo ano. A urgência em concluir os dados até o nível de 12,80 metros até o final do ano é para que a equipe possa investigar os locais onde ainda existe a marca da inundação de setembro.
Custo do projeto está orçado em R$ 230 mil
Após o levantamento das cotas, será feita uma avaliação do pico que a água atingiu e do comportamento dela em cada sub-bacia dos ribeirões, para entender o escoamento no momento da enchente. Por último, haverá uma comparação com estudos antigos do Projeto Crise, elaborado em 1983 e revisto em 1992. Também com o final do trabalho, as famílias receberão um Plano Individual de Prevenção de Enchentes, que apontará informações básicas para ajudar na tomada de decisão no momento de crise. O documento terá instruções como a que horas os móveis devem ser retirados, qual a cota de enchente da residência, para onde levar os bens e a família, recomendações e telefones úteis.
O secretário da Defesa Civil de Blumenau, José Egídio de Borba, afirma que com este projeto as equipes de regaste, como Samu, Corpo de Bombeiros, Polícia Militar e o planejamento da Defesa Civil, poderão agir com maior eficiência.
O custo das três etapas do projeto de revisão de cotas será de R$ 230 mil. Do total, R$ 120 mil será para rever a cota e R$ 110 mil para Carta e Roteamento.
Veículo: Jornal de Santa Catarina.
Edição: 12344.
Editoria: Geral.
Página: 10.
Jornalista: Morgana Michels (morgana.michels@santa.com.br).