Empenhada em se mostrar profissional e abandonar o estigma de interferência política na administração, a Celesc divulgou ontem o plano de investimentos em distribuição entre 2011 e 2015. Alardeada desde a semana passada, a injeção de R$ 1,75 bilhão inclui os R$ 460 milhões previstos pelo último planejamento, anunciado para o período 2008-2011, e que, necessariamente, deveriam ser gastos neste ano.
Conforme matéria publicada no Diário Catarinense em abril, o abastecimento de energia é considerado alarmante nas regiões Sul, Meio-Oeste, Planalto Norte e Grande Florianópolis. No Vale do Itajaí e no Norte do Estado, a situação é de risco. Por isso, a necessidade de investimentos. Mas o principal fator para definir o planejamento foi aliar aspectos técnicos aos econômicos, afirmou Cléverson Siewert, diretor técnico da Celesc Distribuidora.
Ele explicou que foram analisadas características físicas da rede, qualidade do fornecimento, população das regiões, PIB e indústrias instaladas. Vale do Itajaí, Norte e Grande Florianópolis ficaram com 57% dos recursos por terem maior representatividade nos números do Estado.
O presidente da Celesc, Antonio Gavazzoni, disse que, a partir de 2012, a estratégia é ter um gasto similar a cada ano com leve aumento até julho de 2015, data final. Com isso, pretende evitar o que ocorreu no último plano, quando a soma de 2009 e 2010 ficou em R$ 460 milhões, montante igual ao que ainda precisa ser aplicado neste ano.
Gavazzoni atribuiu este cenário à crise de 2008 e suas consequências e ressaltou que outra medida para evitar equívocos nos planos da estatal é a apresentação aos prefeitos das 16 regiões que abrangem as 262 cidades atendidas pela empresa. Ele declarou que eventuais mudanças serão difíceis, mas podem ocorrer se aparecer algum dado relevante, como uma indústria que tenha recém-anunciado a chegada ao Estado. De acordo com a estatal, 60% dos recursos são dinheiro do caixa e o restante precisa ser captado.
O planejamento prevê investir os R$ 460 milhões já empenhados no plano anterior, R$ 976 milhões até julho de 2015 e o restante em modernização do sistema. O último item significa automatizar as linhas de transmissão para que sejam religadas automaticamente, o que evitará que, a cada parada, seja necessário desligar a rede enquanto uma equipe procura o defeito em até 20 quilômetros de fios.
Siewert explicou que as medidas pretendem melhorar os indicadores de satisfação dos clientes. O primeiro é o DEC, e quer dizer quantas horas a rede fica desligada quando ocorre uma queda. O outro é o FEC, e mede quantas vezes a energia caiu em determinado período. Ambos constam na fatura de cada consumidor.
Gavazzoni disse, ainda, que é favorável a aumentar os repasses aos acionistas. A média de pagamento de dividendos do mercado é 50% e a Celesc paga menos do que isso.
O governador Raimundo Colombo manifestou confiança no plano anunciado ontem por levar em conta aumento da população, do consumo e a instalação de novas empresas. Ele afirmou que está seguro de que os gargalos energéticos serão resolvidos. Gavazzoni fez coro:
– Podem me cobram pelo o que está planejado – afirmou.
Data: 18 de outubro de 2011
Veículo: Diário Catarinense
Edição: 9329
Editoria: Economia
Página: 14
Jornalista: Felipe Pereira (felipe.pereira@diario.com.br)