O que um dia foi produto, utilidade sempre terá. Sancionada no ano passado, a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) impõe buscas à exaustão por formas de reaproveitar ou reciclar o lixo de um país que em 2010 gerou mais de 60 milhões de toneladas. Uma obrigatoriedade que diminui o uso de recursos naturais, reduz impacto no ambiente e faz bem para as finanças.
Fruto de décadas de discussão, a lei é um marco regulatório para resíduos sólidos. A PNRS incentiva a reciclagem, novas tecnologias e cooperativas de catadores, além de obrigar o poder público a criar planos de gerenciamento e a erradicar os lixões até 2014.
– Temos de reciclar, reutilizar, levar a matéria orgânica para compostagem, enfim, esgotar as possibilidades. Nossa meta é aproveitar 70% dos resíduos secos e úmidos – diz Silvano Silvério da Costa, diretor de Ambiente Urbano do Ministério do Meio Ambiente.
O esforço fará bem ao bolso. O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada indica que o Brasil deixa morrer no lixo R$ 8 bilhões ao ano em materiais que poderiam ser reaproveitados. Como ensinou Lavoisier, se "na natureza nada se cria e nada se perde, tudo se transforma", a meta é fazer com que o resíduo viva num ciclo que o mantenha longe da sepultura do aterro sanitário.
– Há espaço para novas tecnologias, como a produção de energia a partir da queima do lixo. Com o passar dos anos e os avanços, vai diminuir a quantidade de rejeitos – prevê Adriana Ferreira, coordenadora técnica da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe).
Nessa cruzada, um mecanismo importante da PNRS é a logística reversa, que faz a vida útil dos produtos ir além do consumo, seguindo em ciclo para o reaproveitamento ou para a destinação adequada. Fabricantes, importadores, distribuidores, comerciantes e cidadãos têm responsabilidades. A medida valerá neste primeiro momento para eletroeletrônicos, remédios, embalagens convencionais, embalagens e resíduos de óleos lubrificantes (que exigem descontaminação) e lâmpadas de vapores. No caso do óleo, o sistema já funciona – faltando regulamentar as embalagens.
– A logística do óleo lubrificante é referência, implica em reaproveitamento, ajuda a diminuir importação de petróleo e o impacto no ambiente – destaca Carmem Níquel, engenheira química da Fepam e integrante do Grupo de Monitoramento Permanente do produto.
Veículo: Jornal de Santa Catarina
Edição: 12355
Editoria: 12355
Página: 13
Jornalista: Guilherme Mazui (guilherme.mazui@zerohora.com.br)