Pesquisa da Confederação Nacional do Transporte (CNT), divulgada ontem, comprovou o que motoristas já sabem. O Estado foi considerado o pior em rodovias federais e estaduais de toda a Região Sul.
O levantamento, com base em 43% das estradas pavimentadas, classificou como ruim ou péssimo 19,9% dos trechos. A pior avaliação foi das estaduais, em que oito, de um total de 11, foram consideradas ruins. Entre as federais, foram quatro consideradas em situação regular e uma, a BR-163, apontada como ruim.
Com 53,5% de trechos ótimos ou bons, SC teve um melhor desempenho comparando-se com 2010, quando 40,5% das rodovias tinham uma avaliação positiva. Mas a evolução não acompanhou os índices do Rio Grande do Sul, que teve 62,% dos trechos considerados em boas ou ótimas condições, e nem do Paraná, que tem 61,9% de rodovias em bom ou ótimo estado.
O presidente da Federação das Empresas de Transportes de Cargas e Logística no Estado de SC, Pedro Lopes, destaca que os congestionamentos em rodovias que não dão conta do grande fluxo atrapalham o escoamento da produção e o turismo. Além disso, ele aponta que a principal consequência das rodovias em condições ruins de tráfego é o prejuízo.
– Há perdas na demora de transportar materiais, nos danos nos meios de transporte e riscos de acidentes. Somos um corredor do Centro-Oeste com o Sul, não podemos mais esperar por medidas de mobilidade – destaca.
O professor de engenharia e diretor do campus de Joinville, Acires Dias, aponta questões ambientais de SC e mesmo de clima, com a grande quantidade de chuvas, como dificuldades na manutenção e o aprimoramento das estradas.
– Mas também falta planejamento, projeto e execução de ações para melhorar as condições de tráfego.
Especialista aponta que falta programa continuado de manutenção
Já o doutor em Engenharia de Tráfego José Leles de Souza considera que não houve um programa continuado de manutenção das rodovias, o que levará tempo para ser revertido. O professor aponta ainda que falta tecnologia na sinalização e planejamento para melhorar a qualidade das estradas. De acordo com Souza, outro fator que prejudica as avaliações das estradas de SC é a demora na implantação dos projetos:
– No processo administrativo, há um conjunto de burocracias. Vem as barreiras por licitações malfeitas, sem especificações técnicas, o que atrasa. Também existe a dificuldade, aqui e em todo o país, de conseguir com agilidade autorizações de órgãos ambientais.
Diante dos resultados apontados pela pesquisa da CNT, a secretaria de Estado da Infraestrutura admitiu que as rodovias merecem atenção.
– Reconhecemos isso, tanto que já tínhamos levantado os dados e tomado providências. A previsão é que 40% da malha viária seja revitalizada neste governo – afirmou o secretário da pasta, Valdir Cobalchini.
Ele expõe que deslizamentos e adensamentos causados pela chuva colocaram SC em uma posição desfavorável em relação aos demais estados da Região Sul. Para resolver os problemas, o secretário afirma que solicitou financiamentos e prevê obras para todas as estaduais mencionadas pela CNT.
– Estamos fazendo a nossa parte. Este ano foi de preparação, ano que vem será de obras – promete.
O superintendente do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes em SC, João José dos Santos, que responde pelas estradas federais, não retornou as várias ligações e recados da reportagem.
Veículo: Jornal de Santa Catarina
Edição: 12359
Editoria: Geral
Página: 16
Jornalista: Gabrielle Bittelbrun (gabrielle.bittelbrun@diario.com.br)