BLUMENAU – Seis famílias moradoras da Rua Caiena, no Bairro Ponta Aguda, se recusam a deixar o local mesmo após o desmoronamento de terra que destruiu parcialmente uma casa e afetou outras duas no sábado. Ninguém se feriu. A Defesa Civil notificou nove famílias a abandonar o local, considerado de alto risco, conforme o mapeamento da Diretoria de Geologia da prefeitura. Outras três famílias foram orientadas a deixar a residência em caso de novos deslizamentos.
Ontem, funcionários da Secretaria de Assistência Social, da Criança e do Adolescente conversaram com as seis famílias que se recusam a sair do local para explicar as alternativas oferecidas pelo município. Se abandonarem a área, terão direito a R$ 450 mensais para custeio de aluguel em área segura.
– As famílias disseram que não sairiam porque acreditam que não há risco – explica o secretário Mário Hildebrandt.
Entre as famílias notificadas sábado está a de Marco Aurélio Fernandes, 49 anos. Gaúcho de Gravataí, mora há 19 anos em um casebre de madeira que construiu na área de risco, ao lado da companheira e um filho. Sem emprego fixo, vende balas, chocolates e doces para se manter.
– Não sei como vou fazer, porque não tenho para onde ir. Mas se for por questão de segurança, saio sim – afirmou.
Até sexta-feira, os geólogos da prefeitura concluem o mapeamento das zonas críticas do Bairro Ponta Aguda, incluindo o morro da Rua Caiena. A região será a nona das 35 áreas de risco do município a ter o mapeamento do solo concluído.
– Essa área é de grande perigo porque houve ocupação sobre as antigas linhas de drenagem naturais. Quando chove muito, a água desce buscando as linhas para escoar e gera o risco – explica o diretor de Geologia, Fernando Xavier.
A Defesa Civil registrou 11 pontos de deslizamentos de terra no sábado, nos bairros Jordão e Velha Grande. Na Rua Franz Müller, uma casa que já estava abandonada ameaçava cair sobre a rua e foi isolada. Nesta semana, os técnicos da Defesa Civil farão novas vistorias nos bairros Ponta Aguda e Escola Agrícola para avaliar a estabilidade do solo. Das famílias atingidas na Rua Caiena, duas estão alojadas no abrigo municipal instalado na Igreja Evangélica Livre de Blumenau, no Bairro Itoupava Norte, e outras duas decidiram abrigar-se em casas de familiares.
Veículo: Jornal de Santa Catarina
Edição: 12429
Editoria: Geral
Página: 9