As dificuldades encontradas na contratação imediata de geólogos, para acelerar o plano de mapeamento das áreas de risco de deslizamento, enchentes e enxurradas, levaram o governo a abrir um concurso internacional. Segundo o secretário de Políticas e Programas de Pesquisa e Desenvolvimento do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, Carlos Nobre, inicialmente estão previstas 20 vagas.
Para viabilizar a meta estabelecida pelo governo, de mapeamento de até mil municípios num prazo de três anos, o secretário nacional de Defesa Civil, Humberto Viana, acredita que será necessário contratar mais de 50 geólogos. "Além do concurso internacional, vamos buscar geólogos em outros ministérios e na Petrobras, com quem estamos tendo alguns entendimentos, pois a empresa também tem interesse em garantir a segurança da infraestrutura de transporte de óleo e gás por dutos."
Outra frente que será criada, segundo Viana, é a disponibilização de bolsas de estudos para jovens interessados em se especializar na área de desastres naturais. A Petrobras, por exemplo, pretende formar uma rede temática de pesquisa com foco em desastres naturais.
Entre outubro e novembro de 2011, foram contratados 75 técnicos e especialistas em geologia, hidrologia e meteorologia, em caráter temporário, para viabilizar a implantação do Centro Nacional de Monitoramento e Alerta de Desastres Naturais (Cemaden). "Nem todas as vagas de geólogos foram preenchidas porque a demanda por esse tipo de profissional no Brasil hoje é muito alta, em função das contratações no mercado, na área de mineração e da Petrobras, no pré-sal", explicou Nobre.
No concurso realizado em 2011, segundo Nobre, não foi possível fazer contratações efetivas, pois existia um decreto presidencial que proibia a realização de concursos públicos, mas ele explica que a meta do Ministério é que entre o fim deste ano e o início do próximo seja possível realizar a contratação definitiva desses profissionais, por meio de novos concursos.
"Houve um interesse muito grande no concurso para as vagas do Cemaden, com mais de 250 candidatos inscritos. Não conseguimos preencher todas as vagas de geólogos porque também existem algumas funções com características técnicas muito específicas e com exigência de doutorado", comentou. Segundo Nobre, até mesmo empresas como a Petrobras e a Vale estão tendo dificuldades para encontrar esses profissionais no mercado.
"As universidades não estavam preparadas para essa explosão de demanda e estamos verificando um interesse cada vez maior entre os jovens nas áreas de mudanças climáticas e previsão de desastres naturais", ressaltou. No caso do Cemaden, segundo Nobre, a necessidade maior é de geólogos especialistas em processos superficiais de deslizamento de encostas, que são os responsáveis pela maior parte dos desastres naturais no país.
O governo federal trabalha com a expectativa de mapear 400 municípios até o fim deste ano. Atualmente, cerca de 76 municípios possuem mapeamento de áreas sujeitas a inundações, deslizamentos e enxurradas. Nesta quinta-feira, o secretário de Defesa Civil, Humberto Viana, disse que se reunirá com a ministra-chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, e o ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra Coelho, para discutir a ampliação do monitoramento de desastres naturais no Nordeste.
"Já estamos avançando os trabalhos no Sul e no Sudeste e começando a formatar no Nordeste, onde também é muito recorrente os casos de inundação e deslizamento de encostas", disse.
O Centro Nacional de Gerenciamento de Riscos e Desastres (Cenad), da Defesa Civil, segundo Viana, está sendo reestruturado e este ano terá um investimento de R$ 30 milhões. No ano passado já foram investidos R$ 10 milhões. Os recursos serão aplicados na contratação de profissionais e em novos equipamentos de tecnologia de informação, que ajudarão a aperfeiçoar a operação do Centro.
Veículo: Jornal Valor Econômico.
Edição: 2938.
Editoria: Brasil.
Página: A3.
Jornalista: Virginia Silveira.