Sete metros é o limite

BLUMENAU – Para registrar o primeiro ponto de alagamento a partir de hoje, basta que o Rio Itajaí-Açu atinja sete metros. A conclusão é do Centro de Operação do Sistema de Alerta (Ceops) da Furb, que finalizou a revisão das cotas de enchente. O estado de emergência começa com 7,5 metros. O estudo está sendo elaborado desde novembro, com visita a campo e medição dos picos de cheia nas ruas cuja cota de 12,6 metros foi alcançada na enchente de setembro. A apresentação oficial será hoje, às 8h, no 1º Simpósio da Defesa Civil de Blumenau, no Salão Nobre da prefeitura.

A relação comparativa com a listagem anterior deve ser divulgada no final de março. Com a nova medição, a Rua 1º de Janeiro, no Bairro Itoupava Norte, continua sendo a primeira atingida pela cheia, mas com duas mudanças. Agora a água passa a cobrir a rua com sete metros, um a menos do que na cota de enchente estabelecida pela prefeitura em 1992. Além disso, a 1º de Janeiro não será a única atingida com este nível. Outras duas vias são afetadas pela cheia com cerca de sete metros: as ruas São Rafael, na Itoupava Norte, e Alberto Goll, na Fortaleza.

Na análise, a rua que apresentou a maior disparidade entre a cota anterior foi a São Rafael. São mais de três metros de diferença. Na contagem de 1992, o ponto mais baixo da rua era alcançado pela água com 10,1 metros. Hoje, bastariam 7,01.Secretário de Defesa Civil, José Egídio de Borba explica que as mudanças no nível das ruas foram provocadas por escavações, que intensificaram os pontos mais baixos, e aterramentos, responsáveis por alterar o curso natural da água.

Moradores há 17 anos do número 121 da Rua São Rafael, o casal de aposentados Ivanir, 59, e Hilario Albano, 60, foram surpreendidos pela última enchente. A água alcançou 2,5 metros no terreno, e por pouco não chegou ao forro. Antes de se mudar para lá, o casal vendeu uma casa na Rua Rui Barbosa, no Progresso, que em novembro de 2008 foi destruída por um deslizamento. Na atual casa, a água nunca havia ultrapassado o quintal.

– A água chega cada vez mais rápido. Na última enchente, em 10 minutos subiu do nível da rua até o piso de casa. Ir para onde agora? No morro, desliza. Se ficar no baixo, a água toma – questiona-se Ivanir.

Estudo completo tem três etapas e levará mais três meses

A revisão da cota de enchente segue sendo produzida pelos técnicos do Ceops. Eles farão um mapeamento em ruas com cota de até 17 metros, referência da enchente de 1880, a maior registrada em Blumenau. O estudo completo tem três etapas e será concluído em três meses.

– Vamos elaborar também a carta enchente, estabelecendo o zoneamento de áreas inundáveis e o roteamento, com os caminhos a ser seguidos em caso de enchente – explica o coordenador do projeto Cota Enchente, Carta Enchente e Roteamento, o engenheiro hidrólogo Ademar Cordero. 

Veículo: Jornal de Santa Catarina
Edição: 12454
Editoria: Geral
Página: 16

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