Projeto prevê 6,3 mil vagas até 2020

Se o projeto de implantação de um campus da UFSC nas dependências da Furb seguir o modelo apresentado pelas duas universidades ao Ministério da Educação (MEC), Blumenau terá 6,3 mil vagas de ensino superior gratuito daqui a oito anos. A proposta aponta para uma oferta inicial de 10 cursos e prevê a incorporação gradativa a partir do segundo semestre deste ano, seguindo até 2020. Os primeiros cursos oferecidos seriam Ciências Biológicas, Física, Química, Informática, Música, Engenharias, Design (Produto e Moda), cursos da área da saúde e Direito. O custo estimado é de R$ 16 milhões. Ficaram de fora as Ciências Humanas e os mestrados e doutorados.

Protocolada no MEC em dezembro, a proposta vem recebendo críticas. Professores e servidores da Furb classificam-na como incompleta, pois deixou de fora questões como a cessão dos atuais professores, servidores e alunos, defendida pela comunidade acadêmica.

– Isto que está no MEC é a parte mais tangível do processo. Mas não podemos pensar em uma incorporação sem envolver infraestrutura acadêmica e pessoal. Temo que esta segunda parte, a jurídica, possa atrasar o início da implantação do campus da UFSC em Blumenau – disse o coordenador do Conselho de Planejamento da Furb, Pedro Paulo Wilhelm.

Apesar de considerar que o projeto representa um avanço na discussão, o coordenador do Comitê Pró-Federalização da Furb, Clóvis Reis, lembra que a mobilização do grupo sempre foi por uma proposta mais abrangente, que contemplasse todos os níveis de conhecimento (de pós-graduação, pesquisa e extensão) e a cessão de professores, estudantes e servidores.

– Defendemos um projeto mais inclusivo. O comitê vai elaborar uma contraproposta para tentar ampliar a oferta de cursos.

Neste sentido, Reis anunciou uma reunião plenária aberta à comunidade para a próxima sexta-feira.

Reitor da Furb afirma que plano poderá sofrer alterações

Outro que estranha a oferta limitada de cursos é o presidente do Sindicato dos Servidores Públicos do Ensino Superior de Blumenau (Sinsepes), Ralf Emke. Ele diz que o projeto apresenta muitas pendências e que o prazo sugerido – 10 cursos até 2020 – vai contra a ideia defendida pelo Conselho Universitário da Furb, que em setembro do ano passado sugeriu que toda a incorporação fosse feita em 36 meses.

– Acredito que este tenha sido um projeto apenas para cumprir prazos junto ao MEC. É um documento preliminar. Caberá a nós lapidar esta proposta.

O reitor da Furb, João Natel, disse que a escolha dos cursos foi debatida entre as direções das duas universidades levando em conta três critérios: cursos com conceito igual ou superior a três no Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade), cursos com demanda baixa e cursos que atendam a vocação econômica da região. Natel afirma que esta é uma versão restrita, que contempla apenas a parte acadêmica. Mas ele admite que a proposta pode sofrer alterações:

– O cronograma será modificado. A UFSC já acenou com a possibilidade de incorporar mestrados.

A nova reitora da UFSC, Roselane Neckel, que toma posse somente em maio, ainda está tomando conhecimento do projeto encaminhado ao MEC pelo seu antecessor, Alvaro Prata. Há duas semanas, o reitor da Furb esteve em Florianópolis onde manteve um primeiro contato com a nova dirigente da UFSC. Amanhã, Natel retorna a Florianópolis para participar da primeira reunião com o Conselho Universitário da UFSC, onde este projeto será tratado.

RELEMBRE O CASO

– No dia 16 de agosto de 2011, durante cerimônia de expansão do Plano Nacional de Educação, a presidente Dilma Rousseff anunciou a criação de um campus da UFSC em Blumenau, frustrando o anseio da população que esperava o anúncio de uma nova universidade

– No mesmo dia, lideranças regionais conseguiram que este campus pudesse surgir a partir da estrutura, dos professores e dos alunos da Furb

– O MEC deu prazo de 30 dias para apresentação do texto. Grupos de estudos foram montados para elaborar um projeto de incorporação da Furb

– No dia 16 de setembro, terminou o período de 30 dias estipulado pelo Ministério da Educação. O reitor da UFSC, Alvaro Prata, pediu novo prazo ao MEC, que não impôs datas. Mesmo assim, Prata fixou prazo de mais 30 dias

– No dia 16 de outubro este segundo prazo venceu e o projeto não foi concluído

– Problemas como a greve dos servidores e a eleição do reitor da UFSC, além da enchente no Vale do Itajaí foram apontadas como as causas do atraso

– Em dezembro, a proposta de implantação de um campus da UFSC em Blumenau foi protocolada no MEC. Apresenta apenas um cronograma preliminar de 10 cursos, começando em 2012 e seguindo até 2020

– No dia 15 de fevereiro de 2012, o reitor da Furb João Natel teve a primeira reunião com a reitora eleita da UFSC, Roselane Neckel, para tratar do tema

– Em 17 de fevereiro ocorreu a primeira reunião de transição entre o atual reitor da UFSC, Alvaro Prata, e a reitora eleita. A proposta foi apresentada oficialmente a Roselane, que a levará ao Conselho Universitário, amanhã

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


Veículo: Jornal de Santa Catarina
Edição: 12463
Editoria: Política
Página: 4
Jornalista: Giovana Pietrzacka

(Veja em anexo o esquema de implantação dos cursos) 

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